Dra. Fernanda Perotta Consentino ressalta a importância da vacinação.

No dia 29 de dezembro de 2020, dra. Fernanda Perotta Consentino, obstetra, deu à luz aos gêmeos Felipe e Lucas. “Eu tomei a vacina no puerpério, quando a vacina chegou no Hospital Regional e foi liberada aos profissionais de saúde.” Sua primeira dose foi em 26 de janeiro de 2021. “O que mais me motivou realizar a vacina, independente da proteção própria por ser médica de um hospital referência de alto risco e Covid, foi principalmente porque ela produz antígenos IgA e IgE, que passam pelo leite materno, com isso, eu consigo emprestar aos meus filhos a minha imunização.”
Dra. Fernanda relembra que no início do ano, em janeiro, não era liberada vacinação de puérperas e gestantes. “Observei nos estudos, principalmente europeus, que as mulheres gestantes e puérperas já estavam inclusas no calendário vacinal e isso me motivou, ter como exemplo um país desenvolvido indo atrás deste tipo de autorização.”
Ela destaca que, nas pesquisas observadas, os riscos de complicações graves para o bebê são pequenos. Inclusive, algumas vacinas são estimuladas a serem feitas na gestação, para emprestar anticorpos para bebês, como acontece com difteria, tétano e coqueluche. “Por ter conhecimento de funcionamento de vacinas, por ser da área de saúde, por ter visto estudos de Covid mostrando que não havia riscos de reações que não fossem positivas em relação à vacina, eu não tive dúvida. Assim como o leite materno passa as imunidades da mãe, apesar de ser uma doença recente, eu vi segurança para mim e para meus bebês. Tive menos peso de trabalhar num hospital de alto risco, mesmo sendo puérpera.”

A obstetra acrescenta que, apesar de os estudos serem recentes e mesmo com a incerteza de duração e eficácia, a vacina reduz uma grande porcentagem de complicações caso a gestante adquira Covid. “Quando ocorrem complicações, estamos observando mais índice de pré-eclâmpsia, retardo de crescimento intraútero, descolamento prematuro da placenta e aumento de número de abortos espontâneos. Aqui na nossa região tivemos duas gestantes fatais [por Covid] e isso mobilizou nossa equipe ainda mais no combate à Covid na gestante. Os bebês foram salvos mas, mesmo lutando na UTI, as mães não sobreviveram.”
Resistência de gestantes e adolescentes
“As pessoas estão vendo que é algo novo e é difícil afirmar sobre a eficácia, que só será possível perceber ao longo dos meses. O que temos observado em 2021 é o aumento do número de casos em jovens mesmo sem comorbidade e com a saúde preservada, pois aumentou muito o internamento em UTIs desses casos. Estamos observando as novas cepas de Covid chegando, então está tendo uma adaptação de Covid.”
Para ela, de uma forma geral, a vacina, quando foi desenvolvida, onde não existia esta mutação, demonstra eficácia e reduz muito os internamentos de pessoas na faixa etária que estava sendo vacinada. “De uma forma geral, a faixa etária vacinada diminuiu muito os internamentos e aqueles que ainda não foram vacinados ainda estão expostos e isso já vale como recomendação para adolescentes e pessoas que relutam em fazer a vacina. O que a gente alerta é que esta vacina ainda não cobre as cepas de mutação, mas quando a pessoa adquire, a gente nunca sabe se vai ter complicações leves ou graves ou até mesmo fatais.”
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Ela ressalta que, assim como foram criadas as demais vacinas, a partir da 2ª Guerra Mundial, no caso de vacinas hoje consideradas “simples”, é preciso entender que “é frente à uma guerra, à uma pandemia, que vem a evolução da Medicina e a gente tem que confiar nisso. Eu, como profissional da saúde, vejo que a vacina é extremamente importante, não tem viés político. Tanto que algumas doenças infantis voltaram à tona porque algumas mães relutavam em fazer algumas vacinas importantes de doenças que haviam sido abolidas no Brasil, como difteria, tétano e coqueluche”.