Prioridade será para idosos, pessoas com comorbidades e profissionais de saúde.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia, adiantou ontem a preparação que está sendo feita para a estratégia nacional de imunização de brasileiros quando a vacina contra a Covid-19 estiver disponível no País. O assunto foi discutido na Comissão Externa da Câmara dos Deputados destinada a acompanhar o enfrentamento à pandemia.
Segundo Correia, está sendo feito o mesmo cálculo usado para a vacina contra Influenza, cerca de 100 milhões de doses no País. O secretário disse que, tendo em vista as taxas de letalidade desse grupo, idosos e pessoas com comorbidades, como cardiopatia e obesidade, estarão entre os primeiros a receber a vacina. Também estarão no grupo prioritário os profissionais de saúde.
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As primeiras 30,4 milhões de doses vão chegar em dois lotes: metade em dezembro e metade em janeiro. “Com o avanço da ciência, acreditamos que, em dezembro, talvez, já passemos o ano novo de 2021 com pelo menos 15,2 milhões brasileiros vacinados para Covid-19 e possamos juntos construir essa nova história da saúde pública do nosso País”, disse Arnaldo Correia.
Essa primeira etapa é parte do acordo entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a biofarmacêutica britânica AstraZeneca, que está desenvolvendo o medicamento em conjunto com a Universidade de Oxford, e representaria 15% do quantitativo necessário para a população brasileira, ao custo de 127 milhões de dólares. O investimento inclui não apenas os lotes de vacinas, mas também a transferência de tecnologia para que a produção possa ser completamente internalizada e nacional.
Além desses dois lotes, mais 70 milhões de unidades da vacina serão disponibilizadas gradativamente, a partir de março de 2021. A negociação garante total domínio tecnológico para que Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz produtora de imunobiológicos, tenha condições de produzir a vacina de forma independente.
Estrutura
Para acelerar a produção, será utilizada a estrutura de envasamento e rotulagem já disponível na produção da vacina contra a febre amarela no País. Cada frasco terá cinco doses, segundo representantes da Fiocruz.
Pelo acordo, a vacina de Oxford produzida, no Brasil, será distribuída apenas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e para agências das Nações Unidas. Está em discussão a possibilidade de distribuição para outros países da América Latina.
Ainda segundo o secretário de Vigilância em Saúde, neste momento, priorizando fornecedores nacionais, o Ministério da Saúde já está preparando a aquisição de seringas, agulhas e o planejamento para a distribuição da vacina no País. Também está em levantamento do pessoal disponível para aplicar a vacina e a capacidade da chamada “rede de frios”, que são os equipamentos de estados e municípios em condições de estocar as doses nos 37 mil postos de vacinação do País.
Questionado sobre a logística de distribuição de doses, Arnaldo Correia disse que, depois da liberação, leva entre 15 e 20 dias. Ele lembrou que cabe ao Ministério da Saúde distribuir para os estados e, estes, aos municípios.