Crianças que apresentam rinite alérgica têm maior risco de apresentar alergias oculares.

Pacientes apresentam coceira nos olhos, vermelhidão e secreção.
Foto: maemequer.pt
Todos os pais sabem que outono e inverno são sinônimos de agravamento de problemas alérgicos, respiratórios e oftalmológicos, como a conjuntivite alérgica. Esta condição é mais comum entre os meses de abril e setembro e afeta, principalmente, crianças que já apresentam quadros de alergia respiratória, como a rinite.
Estima-se que as alergias oculares, como a conjuntivite, afetam de 15 a 20% da população mundial, sendo o clima um dos principais fatores de risco. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Departamento de Oftalmologia Unifesp, as causas mais comuns da conjuntivite alérgica são pó, ácaros e pólen.
Segundo a oftalmopediatra dra. Marcela Barreira, geralmente a conjuntivite alérgica está associada a um quadro respiratório, como a rinite. “O clima mais frio é o principal desencadeador das crises alérgicas. Isso porque há uma maior exposição aos agentes alergênicos, como pó e ácaros. É muito comum no outono e no inverno, quando as crianças ficam mais dentro de casa e têm um maior contato com cobertores, tapetes e malhas de lã, objetos muito propícios ao acúmulo de pó e ácaros”, observa.
Rinite aumenta risco de alergia ocular
De acordo com o Estudo Internacional sobre Asma e Alergias na Infância (Isaac), no Brasil cerca de 29% dos adolescentes e 25% das crianças em idade escolar sofrem com sintomas relacionados à rinite alérgica e, portanto, estão mais suscetíveis a apresentarem também alergias oculares e outras alergias, como dermatites, por exemplo.
“Pacientes com conjuntivite alérgica apresentam coceira nos olhos, vermelhidão e secreção. Entretanto, diferentemente da conjuntivite provocada por bactérias ou vírus, a secreção da conjuntivite alérgica é mais clara e a coceira é muito mais intensa. É também um tipo de conjuntivite mais prolongada, mais crônica, diferente dos quadros agudos, característicos das conjuntivites infecciosas”, comenta dra. Marcela.
A oftalmopediatra explica que outra diferença da conjuntivite alérgica para as conjuntivites bacterianas ou virais é o tempo de resolução. “Nas conjuntivites infecciosas o tratamento é rápido e a condição costuma se resolver entre 7 e 14 dias. Já as conjuntivites alérgicas duram mais tempo e o tratamento deve levar em consideração também o tratamento preventivo da alergia para evitar crises”, afirma.
De acordo com dra. Marcela, assim como todo quadro de alergia, a conjuntivite alérgica tem picos de melhora e de piora e, por isso, dependendo da frequência com que ela aparece, o tratamento pode ir além de antialérgicos e colírios. “Existem crianças que apresentam um quadro um pouco mais intenso e frequente. Se não for tratada corretamente, a conjuntivite alérgica pode causar sequelas, como lesões de córnea”, explica.