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Francisco Beltrão
quarta-feira, 25 de junho de 2025

Edição 8.232

25/06/2025

Criança mancando pode ser sinal de sinovite transitória

Ortopedista pediátrico Diogo Kussakawa orienta pais para que fiquem atentos em casos de inflamações articulares frequentes.

Dr. Diogo Kussakawa: crianças com inflamações articulares frequentes devem ser avaliadas por médico.

O seu filho está mancando? Isto pode ser um indício de sinovite transitória, uma espécie de inflamação nas articulações que, normalmente, acomete crianças de 1 a 6 anos. O quadro é causado por um vírus associado a infecções das vias aéreas e, portanto, mais comum no inverno. Embora seja de tratamento relativamente simples, é preciso estar atento porque, em alguns casos, a sinovite pode estar associada a infecções osteoarticulares e doenças reumatológicas.

A sinovite transitória ocorre principalmente nos quadris, joelhos e tornozelos, causando desconforto e forçando a criança a mancar. A causa do desconforto é o excesso de líquido nas articulações. “Quando percebe um vírus, o organismo reage e libera anticorpos. As toxinas resultantes do confronto entre o vírus e os anticorpos se depositam nas articulações. E a presença da toxina estimula as membranas sinoviais a produzirem mais líquido lubrificante, o que estufa as paredes articulares, gerando uma leve dor e fazendo com que a criança passe a mancar”, resume o ortopedista pediátrico Diogo Kussakawa.

A criança pode apresentar inchaço na região afetada
“O desconforto é maior principalmente nos extremos do movimento, quando se tenta fazer o movimento em sua amplitude máxima”, diz. Além da claudicação, em alguns casos é possível perceber inchaço ou edema nas regiões afetadas. “É o que a gente chama de derrame e fica mais visível nos joelhos e tornozelos. No quadril não é possível visualizar porque se trata de uma articulação mais profunda”, frisa dr. Diogo.

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Em geral, o desconforto nas articulações se dá de duas a quatro semanas após o contato com vírus causadores de infecções como gripe, resfriado, dor de ouvido e de garganta. De forma que a inflamação das vias aéreas não coincide com a dor articular. “Na grande maioria dos casos, houve a presença prévia do vírus de infecção das vias aéreas, mas já observei que até mesmo diarreias podem promover sinovite transitória e artrite reacional”, acrescenta o ortopedista pediátrico.

Tratamento inclui medicação e repouso
A dor vai cessando conforme a inflamação vai cedendo e à medida em que o organismo depura as toxinas depositadas nas articulações. O processo de limpeza articular pode levar de três semanas a três meses. Durante esse período, é possível a reincidência do desconforto. “Além do anti-inflamatório, é necessário repouso articular. Não é o caso de repouso absoluto, a criança não precisa ficar deitada. Mas é importante que no início do tratamento, mesmo que já não sinta mais nenhum desconforto, não se exceda nas atividades físicas, pois isso pode reiniciar todo o ciclo. Então, é melhor evitar esportes e festas infantis nesse período”, recomenda o especialista.

Ainda que, de forma isolada, a sinovite transitória não indique uma situação de complexidade, é importante que os pais se mantenham atentos, pois se trata de uma inflamação articular de diagnóstico muito próximo ao das infecções osteoarticulares, como artrite séptica e osteomielite. A sinovite está presente também em algumas outras doenças, principalmente reumatológicas e também na Doença de Perthes — quadros que exigem atenção mais intensa.

Para diferenciar a sinovite das infecções bacterianas que atacam articulações, são utilizados exames laboratoriais e observados sinais clínicos. “No caso das infecções, a criança geralmente não permite que se movimente a articulação afetada, pois a dor é intensa. Além de febre alta, o paciente fica amuado, sem fome e irritado”, informa dr. Diogo.

Inflamações articulares frequentes exigem atenção
O médico orienta aos pais que fiquem mais atentos e não deixem de procurar um ortopedista em casos de inflamações articulares frequentes e de inflamações migratórias. “Quando isso acontece, existe a possibilidade de doenças reumáticas e se faz necessária uma investigação mais ampla. A criança deve ser encaminhada a um reumatologista, que irá investigar outros parâmetros. Doenças reumatológicas são raras na infância, mas é muito melhor investigar e descartar a possibilidade do que ter de conviver com as consequências de um diagnóstico tardio.”

 

Sinovite no quadril pode indicar Doença de Perthes

O ortopedista pediátrico Diogo Kussakawa chama a atenção para os casos de sinovite no quadril. Quando ocorre nesta articulação, a inflamação pode ser um estágio inicial da Doença de Perthes, uma patologia de caráter degenerativo e com potencial para causar danos graves. “Por conduta, quando há uma inflamação do quadril, é necessário que depois de 30 ou 60 dias se faça um exame radiográfico, que permite observar possíveis alterações na parte óssea que indicariam necrose na cabeça do fêmur. É mais uma situação em que diagnosticar cedo faz toda a diferença para a qualidade de vida da criança”, finaliza o médico.

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