Manchas mais claras que a pele ou avermelhadas são os primeiros sinais da enfermidade, que tem cura mas pode até levar à morte. Região tem 50 casos por ano de hanseníase.

Passou o tempo em que a hanseníase, antigamente conhecida como lepra ou mal de Lázaro, era associada ao pecado, à impureza, à desonra. Acredita-se que a doença tenha sido levada por povos navegadores, como os fenícios, do Oriente para a Europa e outras partes do mundo, ainda antes de Cristo. Dois milênios depois e com a “luz da ciência” sobre a enfermidade, no entanto, a hanseníase ainda acomete em média 50 pessoas ao ano na microrregião de Francisco Beltrão, conforme dados da 8ª Regional de Saúde.
A doença é curável, porém incapacitante em sua fase mais avançada, podendo inclusive levar à morte. Quem adverte sobre ela é a enfermeira Edinara Casaril, coordenadora regional do Programa de Controle da Hanseníase. Desde 2005, a microrregião acumula 540 casos da enfermidade, já no Brasil, em 2011, o Ministério da Saúde registrou mais de 33 mil casos, mais de 90 por dia.
Segundo Edinara, o principal problema enfrentado é a demora no diagnóstico, uma vez que o atraso em iniciar o tratamento correto faz com que, muitas vezes, os portadores evoluam com sequelas (dor crônica por inflamação dos nervos, deformidades, perda de força e de sensibilidade – principalmente em pernas e braços). “Por isso, é muito importante que as pessoas conheçam os sinais e sintomas sugestivos e busquem assistência para esclarecimentos e, se for o caso, efetuar o tratamento”, frisa.
O primeiro e principal sintoma é o aparecimento de manchas mais claras que a pele ou avermelhadas. Além da pele, a hanseníase acomete nervos periféricos e pode chegar aos olhos e tecidos do interior do nariz. A maioria dos casos se apresenta com uma ou mais manchas amortecidas na pele, mas existem casos em que há apenas a perda da sensibilidade (amortecimento) em alguma área do corpo e, em outros, surgem apenas caroços na pele.
“Nas áreas afetadas pela hanseníase, o paciente apresenta perda de sensibilidade e de pêlos e ausência de transpiração. Quando a bactéria [Mycobacterium leprae] ataca um nervo surgem dormência e perda de força muscular na área. Podem aparecer caroços e/ou inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos e cotovelos, e pode haver alteração na musculatura causando deformidades nos membros”, menciona Edinara.
Transmissão e prevenção
A transmissão da bactéria se dá através de contato íntimo e contínuo com o doente não tratado, e, apesar de ser uma doença da pele, também é transmitida através de gotículas que saem do nariz ou da saliva do paciente. Não há transmissão pelo contato com a pele do paciente. O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, por isso é fundamental iniciar o tratamento rapidamente para interromper a cadeia de transmissão.
“Qualquer pessoa que apresenta algum sintoma sugestivo de hanseníase deve procurar o posto de saúde mais próximo para ser examinado, e, caso tenha algum parente ou amigo que já teve hanseníase, mesmo que há muito tempo, isso deve ser informado ao profissional de saúde”, enfatiza a enfermeira.
O período de tratamento varia de seis meses (nas formas mais leves) a um ano (nas mais graves), podendo ser prorrogado. O período de incubação dura em média de dois a cinco anos e, enquanto a pessoa não for tratada, pode transmiti-la para outra. A medicação torna o bacilo inviável, evita a evolução da doença, prevenindo as incapacidades e deformidades causadas pela doença.
Manter uma boa saúde geral é a melhor forma de prevenir a doença. Isso envolve boa alimentação, atividades físicas, dormir bem e o suficiente e manter bons hábitos de higiene. Um sistema imunológico bem munido conseguirá combater a doença caso haja contato com a bactéria.
Número de casos novos detectados na 8ª Regional de Saúde no período de 2005 a 2015
2005 58
2006 71
2007 50
2008 51
2009 61
2010 43
2011 39
2012 40
2013 40
2014 55
2015 32
Total 540
Fonte: SINAN Net – situação da base de dados em 29/04/2016
Hanseníase: prevenção é a melhor arma contra a doença
Por Beto Rossatti
O quadro de hanseníase em Pato Branco permanece registrando casos da doença, em todas as classes sociais. Leide Tondo, da Vigilância Epidemiológica da 7ª Regional de Saúde em Pato Branco, destacou que os casos são acompanhados pela Vigilância, para que os pacientes possam ter toda a assistência necessária. “Prevenção ainda continua sendo a melhor arma para combater a doença, muita gente acaba tendo o quadro da hanseníase agravado por falta de informação e diagnóstico precoce da doença.”
Confira o quadro da doença em Pato Branco a partir de 2009:
2009 – 39 casos
2010 – 29 casos
2011 – 25 casos
2012 – 17 casos
2013 – 15 casos
2014 – 22 casos
2015 – 14 casos