Ele diz que a visita anual ao médico oftalmologista é muito importante.
Dr. André Luiz Coitinho, do Instituto de Oftalmologia do Sudoeste, foi o entrevistado de ontem do Programa Sete e Meia. O médico é da região e se casou com uma duovizinhense. Na entrevista, ele falou da sua formação profissional, dos trabalhos que a clínica de oftalmologia desenvolve e deu orientações à população nos cuidados com os olhos. Neste mês, os médicos oftalmologistas promovem ações e orientações sobre o Abril Marrom, focado na saúde dos olhos.
Durante a entrevista, ele enfatizou a importância das pessoas irem ao médico oftalmologista para a avaliação anual dos olhos. O JdeB reproduz parte da entrevista concedida ao radialista Jair Bonato e à jornalista Renata Pagnoncelli Deconto.
Quem é o dr. Coitinho? De onde veio, qual a formação? Enfim, o seu trabalho específico.
Sou natural de Pato Branco, mas cheguei em Dois Vizinhos em 2009. Sou casado com uma duovizinhense, que é a Josiane Sartoretto, filha do Jair e da Fátima Sartoretto. Fiz minha formação em Joinville, minha faculdade de Medicina e a residência em oftalmologia, no Hospital Angelina Caron, em Curitiba. Fiz mais um ano de fellow em cirurgia de catarata e refletiva e, depois, vim pra Dois Vizinhos.
Cheguei aqui através do Janino, que me trouxe através do irmão dele, o Geraldo, que levava alguns pacientes no Angelina Caron e ele comentou com o Janino que eu era casado com uma duovizinhense, e que tinha interesse de voltar pro Sudoeste. A princípio, queria voltar pra Pato Branco, e eles me contataram, conversamos e acertamos, acabei vindo para Dois Vizinhos. Estou aqui desde de 2009, faz 12 anos. Em 2017, adquiri o Hospital de Olhos, que era do dr. Janino e, agora, fizemos uma grande reforma e estamos com uma casa nova e pronta pra nos visitarem.
O Hospital de Olhos do Sudoeste tem uma demanda da região inteira. Quais são os principais atendimentos que têm acontecido?
O hospital tem uma abrangência muito grande mesmo, teve semanas que tivemos pacientes de Palmas que nunca tínhamos tido. É comum pacientes de São João, aqui perto, de Santo Antônio do Sudoeste, Ampere, toda essa região da 8ª Regional que tem Capanema, Salto do Lontra, enfim, essas cidades. Tem muitos pacientes de fora, o hospital está mais conhecido lá do que aqui. Nosso foco é bastante cirúrgico, temos centro cirúrgico próprio e é uma das únicas clinicas com centro cirúrgico próprio; temos uma em Pato Branco, do dr. Wittmann, uma do Marco Antônio Pires e uma nossa, aqui. Realizamos em torno de 50 a 60 cirurgias/mês entre catarata, pterígio, glaucoma, plástica ocular, retina, enfim, são vários procedimentos que a gente faz. Claro que, com novas instalações, a gente vai tentando ampliar um pouquinho mais, trazer novos profissionais e tal.
O cuidado com os olhos quase sempre passa despercebido. Quais cuidados devemos ter antes de aparecer os problemas, pra evitá-los?
É aí que entramos no Abril Marrom. Tem o Outubro Rosa, o Novembro Azul, que são campanhas de prevenção e o Abril Marrom é mais uma delas, mas trazendo pro lado da saúde ocular, no combate à cegueira. Sabemos que 60 a 80% – mais exato, 74,8% – das doenças oculares, ou seja, da cegueira, poderiam ser evitados. E 80% desses pacientes poderiam não estar cegos se tivessem feito exames precoces, tratamento precoce, consulta precoce, enfim. Nossa campanha é justamente para alertar a população que uma grande maioria das doenças oculares tem tratamento, se diagnosticadas precocemente. O Abril Marrom começou em 2016, com o professor Suel Abujamra, da USP, em São Paulo, e com o intuito de conscientizar, viu que muita gente tava ficando cega e poderia não estar.
O que gera isso? Seriam cuidados pela vida inteira?
Se você pegar a principal causa de cegueira no mundo, hoje, é a catarata; a segunda é o glaucoma; a terceira é a degeneração ocular devido à idade; a quarta é a retinopatia diabética, que é a perda da visão pela diabete; a quinta são os refrativos. Se você pegar a catarata, hoje, fazendo um diagnóstico precoce, você consegue tratar ela e não deixa evoluir pra uma cegueira.
Os hábitos, na vida, são extremamente importantes. Sabemos, hoje, que a nossa alimentação, a nossa exposição ao sol, à poeira, ao vento, dia a dia, nos levam a ter maiores alterações no olhos devido às deformações na retina. Quando você vai na consulta com seu médico, seu oftalmologista, você pergunta qual é a melhor alimentação pros seus olhos, aquela coisa toda. É de extrema e suma importância que tenha uma avaliação anual e essa avaliação começa lá na infância, quando somos pequeninhos. Começa com o teste do olhinho, quando recém-nascidos, e isso se estende pelo resto da vida, pelo menos uma vez cada um ano, no máximo dois.
Dizem que beber água é muito importante, mas e o uso de colírios lubrificantes que imitam a lágrima, é recomendado pra todas as pessoas?
Sim, pode usar tranquilamente, ainda mais hoje em dia que não conseguimos evitar aparelhos eletrônicos como celular, computador e afins. Isso resseca muito os olhos, então, o colírio lubrificante não faz mal nenhum, só tende a fazer bem. Existe alguns colírios que são um pouquinho mais carregados em conservantes, então é bom sempre conversar com seu médico, ter uma opinião profissional.
[banner=100073]
Quais os cuidados com a exposição ao sol?
O sol é um dos principais causadores de alterações oculares como pterígio, catarata e degenerações na retina. Nada mais justo do que, quando ir ao sol, levar um óculos escuro. Não tem muito o que fazer, só óculos escuro mesmo, com proteção UVA e UVB, não adianta ser só escuro que não tem essa proteção. Quando você tá com um óculos escuro, tua pupila dilata e assim entra mais luz no interior do seu olho, então, se não tiver proteção nenhuma, você só tá dilatando a pupila, é até melhor ficar sem.
Sabemos que a catarata é uma das maiores causas de cegueira. Ela só acontece com determinadas idades pra frente ou pode ocorrer com idades mais jovens?
A catarata é uma doença de pessoas da terceira idade, de pessoas com 60, 70 anos. Sabemos que 40% das pessoas acima de 60 anos tem catarata; acima de 80 isso sobre pra 50, 60%. Sobe conforme a idade, mas não é só em pessoas acima de 60 anos. A catarata pode dar em qualquer idade, inclusive na infância; eu mesmo diagnostiquei uma criança de Ampére, de 5 anos, com catarata. Porque ela pode dar antes: questão genética; alguns medicamentos, principalmente corticoides; doenças como a diabete, enfim, é uma doença mais comum na terceira idade, mas pode vir antes.
Sua clínica tem equipamentos que podem identificar qualquer tipo de doença precocemente?
Sim. É um instituto totalmente reformulado, reestruturado e, principalmente, equipado. Temos a possibilidade de fazer qualquer tipo de diagnóstico rápido. Antigamente, tínhamos que enviar pra Cascavel, Pato Branco, Curitiba e tal, mas hoje não, temos tudo aqui para identificar inclusive, problemas de retina, glaucoma, catarata, cânceres oculares, que acontecem bastante por conta do sol.
