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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Dra. Mariana Seerig: sono bom, futuro saudável

Saúde

Dra. Mariana Seerig.

A “semana do sono” chama a atenção para um assunto muito comum na nossa população e que muitas vezes não recebe a devida importância: o ronco noturno. Na maioria das vezes a queixa do ronco não vem do próprio indivíduo, mas do companheiro ou de outras pessoas que convivem com ele. Devemos encarar todo ronco como um sinal de alerta e como tal deve ser valorizado, avaliado e tratado.

O ronco é produzido pelo vibrar dos tecidos da garganta quando o ar passa com dificuldade na via aérea. Podemos exemplificar a via aérea como uma tubulação que leva o ar do nariz até o pulmão. Essa tubulação não é um cano rígido e sabemos que existem nela alguns pontos de maior estreitamento e fragilidade. 

O ar geralmente encontra uma resistência em uma região do pescoço denominada faringe, onde ocorre um turbilhonamento e como consequência o ruído do ronco. Muitos pacientes acreditam que a principal causa do ronco é a obstrução do nariz, porém, como exposto anteriormente, na maioria das vezes esse problema tem origem na garganta.

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A apnéia obstrutiva do sono (parada na respiração) ocorre quando a passagem do ar é completamente bloqueada no trajeto da via aérea. Esse ciclo de apneias ocorre várias vezes durante a noite de sono, reduzindo a oxigenação do sangue e provocando despertares frequentes que levam a uma série de consequências.

Um em cada três indivíduos possui Apneia Obstrutiva do Sono e essa alta prevalência nos faz perceber que podemos estar deixando de diagnosticar essa doença na nossa população e até mesmo nos nossos familiares.

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Os principais fatores de risco para apneia do sono são o sexo masculino, idade avançada, obesidade, doenças de nariz e garganta, uso de medicações e alterações dos ossos da face. As queixas relatadas pelo paciente ou por quem convive com ele podem ser roncos, engasgos durante a noite, apneias presenciadas, sonolência excessiva diurna, fadiga crônica.

Porém, acredito que a pergunta mais importante aqui é: “Por que eu devo me preocupar com o ronco?” Os familiares muitas vezes se preocupam com a possibilidade de o individuo apresentar uma parada cardiorrespiratória grave durante o sono, mas é importante esclarecer que isso é muito raro, já que existem alguns mecanismos de compensação e o próprio despertar faz com que o individuo volte a respirar. 

A importância de tratar o ronco e a apneia do sono se relaciona com as suas consequências para a saúde. A apneia pode levar a problemas de memória e aprendizado, redução da síntese de alguns hormônios produzidos no sono (aumentando o peso, a chance de desenvolver diabetes), cansaço, sonolência, acidentes de trabalho e de trânsito, além do aumento do risco de doenças cardiovasculares, como aumento da pressão arterial, arritmias, insuficiência cardíaca, e até infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. 

Ressalto aqui que não há uma correlação entre intensidade do ronco e o grau de apneia. Portanto, independente de roncar pouco, muito, alto ou baixo, qualquer paciente que ronca apresenta um distúrbio do sono e precisa ser avaliado por um especialista.
Dra Mariana Seerig
Otorrinolaringologista

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