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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

É fácil amamentar? Quem responde são as mães

Saúde

A descoberta da gestação vem acompanhada de muitas preocupações e expectativas.

A pediatra dra Elizamara Segala comenta a importância da amamentação para o desenvolvimento da criança.

Na foto, participantes de uma reunião, no seu consultório. 

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Fotos: Arquivo pessoal

Por dra Elizamara Segala
A descoberta da gestação vem acompanhada de muitas preocupações e expectativas. E esse é o momento ideal para a busca de informações pelos pais, pois quando ocorre uma preparação prévia ao nascimento, eles vencem os desafios propostos pelo período após o parto com mais facilidade. Porém, o período gestacional nem sempre é enriquecido com as informações que precisam, preocupando-se mais com questões materiais do que com sua própria preparação e após o nascimento do bebê se dão conta de que tais questões têm pouco valor diante do que realmente necessitam.

Isso me faz lembrar a fala de uma paciente que, quando gestante, dava muita importância sobre “Como será o quartinho da bebê? Como será a lembrancinha das visitas? Com que roupinha o bebê sairá da maternidade? Após nascer a bebê, isso pouco importava nos momentos das dificuldades”. O que ela precisava mesmo, era do apoio do seu esposo e conseguir amamentar, pois “palpites” é o que não faltam quando os desafios começam a surgir, deixando os pais confusos sobre o que fazer.

Talvez alguns pensem que amamentar é algo simples, um processo biológico no qual é só a mãe ofertar a mama que o bebê abocanha e tudo está resolvido, mas muitas mães passam por dificuldades e, se não tiverem o apoio necessário nesse momento de fragilidade, acabam se desencorajando dessa prática tão preciosa para ambos. Amamentar é uma decisão tomada ainda na gestação, requer conhecimento, dedicação e perseverança.

Se perguntarmos ao nosso redor quais são as vantagens em amamentar, muitos dirão que é econômico, que não necessita de preparo, que está sempre pronto, na temperatura certa, na quantidade certa, que evita muitas doenças, que fortalece o vínculo entre mãe-filho. Porém, há características sobre o leite materno que vão muito além disso, não encontradas em nenhum outro leite. Por exemplo, amamentar estimula o desenvolvimento cognitivo (a inteligência) da criança.

Dr. Cesar Gomes Victora, ganhador do prêmio Gairdner de Saúde Global, em 2017, relacionou que, além da diminuição da mortalidade infantil com a promoção do aleitamento materno, no estudo em que acompanhou 3.493 indivíduos por 30 anos, informou que quem foi amamentado, quanto maior a duração do período de amamentação, maior o Quociente de Inteligência (QI), os anos de escolaridade e a renda mensal. Não apenas a qualidade dos nutrientes que passam pelo leite para a criança é o que faz a diferença, mas o leite materno gera uma reação intestinal que libera substâncias que interagem com neurotransmissores cerebrais, estimulando o desenvolvimento cognitivo da criança.

Outro fator que poucos sabem é que o leite é particularizado para cada fase do bebê. Por exemplo, um bebê que nasce de 7 meses, sua mãe produz um leite específico para aquele bebê. A quantidade de proteína, de anticorpos e tudo mais, é diferente do leite de uma mãe cujo bebê nasce com 9 meses. Muitos já sabem que o leite materno muda ainda na sua primeira semana, do colostro, leite perfeito para primeira semana de vida, riquíssimo em anticorpos (defesa contra doenças), para um leite de transição e posteriormente para um leite maduro após dez dias de vida do bebê. Porém, poucos sabem que pode mudar de acordo com a necessidade do bebê durante uma intercorrência infecciosa. Por exemplo, se a criança tem uma infecção pulmonar, o leite materno pode voltar a produzir mais anticorpos do que o leite maduro padrão. Existem muitas outras características extraordinárias sobre o leite materno, e também existem muitos mitos sobre o leite que necessitam ser desmistificados. Os desafios decorrentes da amamentação não se limitam apenas no início, período em que as mães necessitam saber a técnica adequada para não machucar o seio e vencer o mito do pouco leite. Durante todo o processo em que amamenta, vence um desafio. É comum mães chegarem ao consultório com a queixa “meu filho não come” ou “meu filho não dorme à noite, quer mamar a noite toda, estou cansada… não seria melhor desmamar?”. Mais uma vez, a busca pela informação correta pode ajudar a família a passar por esses desafios e vencê-los sem necessitar desmamar.

Devido à importância, em Francisco Beltrão, hospitais e unidades de saúde costumam promover reuniões periódicas com as gestantes e acompanhantes para instruí-las. Eu, como pediatra, tenho imenso prazer em poder contribuir nas reuniões de gestantes dos serviços públicos HRS e na UBS em Renascença, além de realizar uma reunião mensal no consultório. As reuniões funcionam como uma roda de conversa, em que os participantes sentem-se à vontade para trocar suas experiências, sanar as dúvidas e preparar-se para os desafios. Se a mãe tem o desejo de amamentar, instrua-se. Capacite sua rede de apoio, traga o pai junto às reuniões, pois ele é o maior apoiador, faça uma consulta de terceiro trimestre com seu pediatra.

Gestantes que gostariam de participar das reuniões no Consultório de Pediatria Elizamara Segala podem entrar em contato no (46) 99979 4333. As reuniões no consultório são gratuitas e já estamos na 31ª reunião, que ocorrerá na próxima quinta-feira, dia 23 de janeiro, às 19h30.

Alguns dos participantes da reunião no Consultório de Pediatria Elizamara Segala.

A próxima reunião será quinta-feira, dia 23 de janeiro.

 

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