No transplante de fígado, o paciente não é classificado por ordem cronológica, mas pela gravidade de sua doença.

Foto: Arquivo Pessoal
Fernanda Alupp Fogaça, 31, funcionária pública da Prefeitura de Manfrinópolis, está lutando contra uma grave doença de fígado. Em março ela assinou os papéis para o transplante e a qualquer momento pode ser chamada para a cirurgia. Ela começou a perder bastante peso no final do ano passado, mas a enfermidade foi confirmada com exames em março deste ano. Começou o tratamento com 50 quilos e agora está com 47.
Desde que externou seu problema, Fernanda está recebendo o apoio de muitas pessoas, principalmente amigos e familiares. “Muitos ainda não acreditam que estou passando por isso. Eu, que caminhava 8 quilômetros por dia, todo final de tarde, e duas vezes por semana acrescentava zumba, confesso que me fazia um bem incrível, me sentia leve. Zumba era o que eu mais gostava. Dançar é arte, é maravilhoso, mas como a doença se apresentou de forma repentina tive que parar com caminhadas e dança.”
A Hiperplasia Nodular Regenerativa Hepática comprometeu todo o fígado de Fernanda e ela perdeu as forças para praticar atividade física. Agora, além de exames todas as semanas, ela precisa se resguardar e ter força suficiente para encarar a recuperação pós-transplante.
Como funciona a fila de transplante
O caso de Fernanda despertou a curiosidade de muita gente sobre o funcionamento de uma fila de transplante. Afinal, é uma luta para se manter vivo e cada dia de espera é angustiante.
No transplante de fígado, o paciente não é classificado por ordem cronológica, mas pela gravidade de sua doença. Os candidatos a um novo fígado são classificados pelo seu Meld, que é um cálculo feito através da coleta de sangue, regra vigente em todo o Brasil. Os pacientes que precisam de transplante de fígado são encaminhados para cirurgia conforme a gravidade.
O valor do Meld, que varia de 6 a 40, aponta o risco de vida do paciente caso ele não seja transplantado, quanto mais alto o valor do Meld maior a gravidade do paciente.
“Toda vez que vou a Cascavel eu coleto sangue, entre 8 e 10 ampolas, e semana passada minha posição na fila de transplante estava em 9º lugar, mas ela varia pela gravidade do paciente. Hoje estou em 12º, ou seja, três pacientes se agravaram mais que eu neste período”, comenta.
Ela disse que a ligação pode chegar a qualquer momento, até mesmo de madrugada. O transplante será feito no Hospital Uopeccan em Cascavel pelo médico hepatologista Luís César Bredt.
Transplante de fígado exige muito sangue
Fernanda reforça a importância de as famílias conversarem sobre a doação de órgãos. “Sei que no momento da perda de um familiar a dor é grande, mas precisamos conscientizar a todos que o ente querido pode continuar a viver no corpo de outras pessoas e, pode ter certeza, o receptor não terá palavras para agradecer. Seu ente querido lá de cima junto a Deus ficará feliz, pois ajudou muitas vidas.”
Fernanda, que sempre foi doadora de sangue, por ter um tipo raro (O-), agora é ela que está precisando. “Antes eu doava, hoje eu que preciso de pelo menos 40 doadores de sangue, independente da tipagem sanguínea, pois no transplante de fígado, que é o segundo órgão maior a ser transplantado no corpo humano, necessita de muito sangue, então agora minha campanha de conscientização, além de doação de órgãos é a de sangue, não espere um amigo ou um familiar precisar de sangue, doe, é um ato de amor à vida.”