Perda repentina de peso foi a forma como a doença começou a se manifestar.

Foto: Arquivo pessoal
Em novembro do ano passado, Fernanda Alupp Fogaça, 31, moradora de Manfrinópolis, começou a estranhar uma perda repentina de peso. A jovem levava uma vida saudável, caminhava em média oito quilômetros todos os finais de tarde e acrescentava zumba duas vezes por semana. “Comecei a emagrecer rapidamente, não entendia o porquê, pois as caminhadas e zumbas eram para ganhar massa muscular”, conta. Ela é graduada em Ciências Contábeis, técnica em farmácia e trabalha há 13 anos na Prefeitura de Manfrinópolis.
Junto com isso vieram febres altas à noite. Num primeiro momento, Fernanda parou com as caminhadas e a zumba. Acreditava que os exercícios físicos poderiam estar provocando a redução de peso. “Fiquei dois meses esperando que engordasse um pouco, pois estava com 55 quilos, mas fui para 50 quilos. Então procurei um médico e no início ele me mandou pra nutricionista, entretanto nada adiantava.”
Em fevereiro deste ano ela procurou o médico da família, Gilberto Santos dos Santos. Após uma ressonância e exames de sangue, o laudo trouxe más notícias: múltiplos cistos hepáticos.
A necessidade de um transplante
Fernanda teve que procurar um médico especialista em doenças do fígado. “Corremos muito atrás para achar um, até que minha cunhada Denize achou um em Cascavel, dr. Luís Bread. Fomos até ele na mesma semana com todos os exames já em mãos, logo no começo da conversa ele me disse, ‘você é uma grande candidata a transplante de fígado’, na outra semana fiz a biópsia, resultado saiu em 13 dias. Dia 12 de março retornei a Cascavel para saber do resultado, confesso que tinha esperanças que não fosse nada, que não precisaria de transplante, então dr. Luís nos chamou e logo que entramos na sala sem muita demora já disse: Fernanda você tem hiperplasia nodular regenerativa hepática, precisa de um transplante, pois seu fígado cresceu, comprimiu seu estômago, deslocou o intestino e o baço. Foi um choque, chorei, minha mãe também chorou, meu esposo ficou abalado, parecia que o mundo havia caído pra mim; no mesmo dia da notícia já me colocaram na fila de transplante”, conta.
O início de uma jornada
No dia 13 de março Fernanda já retornou a Cascavel para uma bateria de exames.
“Agora tenho uma grande jornada pela frente. Mas vou lutar, vou conseguir e no dia que eu fizer o transplante a frase que eu vou pedir pro dr. Luis me falar será: ‘hoje é um belo dia para salvar vidas!’ Mesma frase que sempre coloquei fotos minhas doando sangue e que tenho tatuada na perna”.
A importância de conversar com familiares sobre doação
Na opinião de Fernanda, é muito importante que cada pessoa converse com seus familiares sobre o desejo de se tornar doador de órgãos. “É um ato de amor à vida, pensem quantas pessoas poderão ser salvas mesmo que o momento seja muito doloroso, mas com o passar dos dias você entenderá que seu familiar ainda estará vivo ajudando outras pessoas a viverem.”
De acordo com ela, a maioria das famílias não conversa sobre esse assunto. “Claro, é um assunto muito delicado, mas mesmo muitas vezes parecendo assustador é de extrema importância, pois quantas pessoas podem ser salvas através de um sim da família. Eu, em particular, trabalhei um tempo no Hospital São Francisco (técnica em farmácia) em Francisco Beltrão e vi o quanto é doloroso pedir aos parentes (pais, irmãos, filhos) se a pessoa é doadora de órgãos, vi muitos no início dizerem não no momento da notícia ruim, mas depois voltarem atrás e dizerem sim, acompanhei também a captação de órgãos, e digo a vocês: é emocionante.”
Fernanda conta que sempre foi doadora de sangue e estava inscrita como doadora de medula óssea. “Mas hoje eu estou na fila de espera de um transplante de fígado, pois é, eu que nunca imaginava passar por isso. Eu caminhava oito quilômetros por dia todo final da tarde e duas vezes por semana fazia zumba.” Ela contou que a doença é silenciosa e não é constatada nos exames de sangue. Fernanda sempre manteve seus exames em dia e doava sangue quatro vezes ao ano.
Ela faz questão de agradecer o apoio que está recebendo da administração municipal de Manfrinópolis, da Secretaria de Saúde, toda a família, em especial seus pais e esposo. Além de todos amigos que estão se orando e dando força em sua luta.