Musicoterapia ajuda no tratamento de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade a partir da expressão musical.
É comum, em atividades que exigem muito do pensamento, ver pessoas buscando na música a concentração e a produtividade tão necessárias hoje em dia, seja nos estudos, para escrever um texto, organizar uma planilha ou projetar, só para ficar em uns poucos exemplos. Para esse fim, fones de ouvido podem ser um recurso excelente, pois, além de reduzir o ruído ambiente, uma playlist agradável pode trazer bem-estar e foco na atividade.
Música é tão estimulante que pode, inclusive, tratar de problemas mais sérios, como transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade, bipolaridade e até câncer. É aqui que entra a musicoterapia, que, como o nome já induz, utiliza instrumentos musicais, a própria música (sons, ritmos, harmonias e melodias) e técnicas terapêuticas para facilitar o processo de aprendizagem, comunicação, relacionamento e criatividade.
O TDAH, conforme explica a musicoterapeuta Camila Pietrobom, é caracterizado por dificuldades na atenção e/ou concentração, inquietude e impulsividade. Geralmente, quem tem esse deficit apresenta desorganização e impaciência, o que impede de terminar uma tarefa sem que se distraia facilmente. Pacientes com TDAH também podem apresentar excesso de atividade motora – vivem “a todo vapor” -, têm dificuldade com a autoestima e, por causa disso, muitas vezes se isolam.
“Aos que sofrem de TDAH, cuja principal característica é a inquietude e falta de atenção, as sessões de musicoterapia favorecem, num ambiente motivador e estimulante para a audição, o funcionamento cognitivo, trabalhando juntamente a concentração, a organização, a autoestima e o domínio motor por meio da percussão dos instrumentos musicais”, diz Camila. “A musicoterapia também proporciona a recuperação dos potenciais do indivíduo, o bem-estar, ampliando sua autonomia, segurança, proporcionando melhora na qualidade de vida do mesmo”, acrescenta a musicoterapeuta.
Expressar-se através da música
Como a música desperta interesse na maioria dos seres humanos, pacientes com hiperatividade conseguem se reorganizar por meio do ritmo musical – trabalhando o ritmo externo com os instrumentos musicais, o paciente reorganiza seu ritmo interno. Já a melodia poderá melhorar a concentração, a segurança e o emocional. “Quanto mais prazerosa a sessão, mais áreas do seu cérebro são ativadas e a concentração torna-se maior, refletindo nas atividades do dia a dia”, aponta Camila.
Uma sessão de musicoterapia dura em média 45 minutos. Nesse tempo, o paciente se envolve com a música (canta, improvisa, dança, escuta música, toca, conversa), com os instrumentos musicais (violão, instrumentos de percussão, teclado, flauta) e com as mais variadas técnicas terapêuticas, buscando melhora gradativa em seu quadro.
“O objetivo não é aprender música, e sim se expressar por meio dela e das mais diversas técnicas. O tempo de tratamento dependerá muito de cada paciente, da assiduidade nas sessões e sua disposição em melhorar, pois o processo terapêutico é em longo prazo (trabalho de formiguinha). Porém, muitos pacientes apresentam melhoras visíveis entre quatro e seis meses, podendo o tratamento chegar a um ano ou até mais”, revela Camila.
Homens e mulheres, crianças, adolescentes, adultos e idosos, qualquer pessoa pode encontrar tratamento dentro da musicoterapia para diversos tipos de transtornos. “São traçados objetivos individuais que, ao serem atingidos, proporcionarão melhora na qualidade de vida dos pacientes”, salienta.
Outros transtornos
A musicoterapia também auxilia no tratamento de doenças como câncer, asma, dislexia, gagueira, transtorno bipolar, hiperatividade, depressão, demências, esquizofrenia, anorexia, bulimia, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade, síndromes maníacas, alcoolismo, bloqueios emocionais, estresse, Alzheimer, Parkinson, síndrome de Asperger, autismo, síndrome de Down, atraso psicomotor, atraso na fala, entre outros.
