As doenças mentais podem interferir na saúde física.
“Cuidar da saúde mental não é motivo de vergonha, ao contrário, é prova de autoconhecimento, autocuidado e de amor a si mesmo”, destaca Leandro Pereira, psicólogo. Jane Pasa, por exemplo, aos 54 anos, faz tratamento psiquiátrico e psicológico e não se intimida por isso. “Preciso de acompanhamento rotineiro pra verificar a medicação e qualquer tipo de alteração do meu comportamento, do humor. Para conseguir períodos estáveis tenho que me comprometer a seguir a medicação e desenvolver hábitos de rotina que ajudem a não estressar, como leitura, pilates, caminhada e cozinhar, que adoro.”
A pandemia alterou seu sono, que já é bem complicado, tanto que precisa de medicação para dormir. “O psiquiatra teve que alterar, aumentar, mas não está bem. Crises de irritação e vai mais calmante! Ansiedade, compulsão alimentar, ganho de peso. Consequência: inflamação no esôfago e mais medicação.”
Leandro ressalta a importância de uma noite bem dormida: “É durante o sono que uma série de funções cerebrais e sistêmicas são reguladas, incluindo o funcionamento dos sistemas imunológico, metabólico, neuroendócrino, hormonal e cardiovascular.” A curto prazo, as alterações no sono aumentam a reatividade ao estresse e à dor, além de serem relacionadas a níveis elevados de ansiedade, tristeza, esgotamento, e a déficits na cognição, afetando a memória, o desempenho cognitivo e a capacidade de resolver problemas. A longo prazo, o sono insuficiente também pode contribuir para alterações no sistema de resposta neuroendócrina ao estresse, levando ao desenvolvimento de transtornos mentais, principalmente relacionados à ansiedade, humor e depressão.
As doenças mentais podem interferir na saúde física. Estresse, ansiedade, depressão, pânico e outros transtornos podem agravar os sintomas ou acelerar a progressão de muitas doenças físicas, afetando os sistemas imunológico, prejudicando a imunidade e as defesas do organismo; endócrino, aumentando ou diminuindo a produção de certos hormônios; e nervoso, interferindo na produção de neurotoxinas, relacionadas à doenças como Mal de Parkinson e Alzheimer.
Como identificar problemas?
Leandro cita que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde mental é descrita como um estado de bem-estar no qual a pessoa tem condições de apreciar a vida, trabalhar, enquanto equilibra e administra suas próprias emoções. “Diariamente, vivenciamos uma série dessas emoções, boas ou ruins, mas que fazem parte da vida. Em qualquer pessoa e em qualquer idade podem ocorrer disfunções no funcionamento da mente, afetando a maneira como lidamos com essas emoções e nos comportamos, e assim determinando se nossa saúde mental está comprometida ou não.”
Quanto à campanha do Janeiro Branco, Leandro explica que surgiu em 2014, por um grupo de psicólogos mineiros, e visa chamar a atenção para saúde mental. “Janeiro foi escolhido porque é neste mês que as pessoas estão mais focadas em resoluções e metas para o ano. A campanha objetiva mobilizar a sociedade em favor da saúde mental, mudando a compreensão cercada de tabus e promovendo mais possibilidade de saúde mental.”
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