
Um agricultor beltronense de 38 anos foi hospitalizado em estado grave, no último final de semana, com leptospirose, infecção aguda causada por uma bactéria do gênero Leptospira, transmitida ao ser humano através do contato direto com a urina de animais, como ratos e cachorros, e que mata de três a quatro pessoas por ano na microrregião de Francisco Beltrão.
Internado com febre alta, vômito, diarreia e dores musculares, ele precisou ser transferido para uma unidade de terapia intensiva (UTI) devido a complicações renais, um dos sintomas da forma grave da doença, que também pode apresentar icterícia (pele e mucosas amareladas), hemorragias, sonolência e até mesmo coma.
A família do agricultor não sabe como ele contraiu a doença, mas, segundo o médico veterinário Eraldo Machado, responsável pelo setor de zoonoses da 8ª Regional de Saúde, essa é uma doença característica do meio rural e dos períodos de chuva, como os que estão por vir nas próximas semanas.
“O mais comum é o contágio por meio hídrico [contato com a água]. Ele pode ter pisado em alguma poça d’água com urina da ratazana, ou rato de esgoto, ou ter recolhido palha de milho – que é um lugar onde esse animal transita bastante – sem utilizar equipamento de proteção individual. É preciso investigar por onde ele andou nos últimos dias. Também é bastante observado em períodos de enchentes”, frisa Eraldo.
Segundo o médico veterinário, a leptospirose é uma doença endêmica com 80 casos registrados, em média, nos 27 municípios da 8ª RS.
Sintomas
A doença pode ser assintomática. Quando se instalam, os sintomas são febre alta que começa de repente, mal-estar, dor muscular (mialgias) especialmente na panturrilha, de cabeça e no tórax, olhos vermelhos (hiperemia conjuntival), tosse, cansaço, calafrios, náuseas, diarreia, desidratação, exantemas (manchas vermelhas no corpo) e meningite.
Em geral, a leptospirose costuma evoluir bem e os sintomas regridem depois de três ou quatro dias. Entretanto, essa melhora pode ser transitória. Icterícia, hemorragias, complicações renais, torpor e coma são sinais da forma grave da doença.
Alguns cuidados importantes
. Evite o contato com a água e a lama das enchentes ou esgoto. Impeça que crianças nadem ou brinquem nesses locais que podem estar contaminados com a urina de roedores.
. Após as águas baixarem, retire a lama e desinfete o local. Deve-se lavar pisos, paredes e bancadas, desinfetando com água sanitária. Use duas xícaras de chá (400ml) do produto em um balde de 20 litros de água, e deixe agir por 15 minutos. Só depois disso faça a limpeza.
. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulho e esgoto devem usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com a água e lama contaminados (se isto não for possível, usar plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).
. Para evitar a presença de roedores, deve-se manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados, resistentes e distantes do chão; manter a cozinha limpa e sem restos de alimentos; retirar as sobras de alimento ou ração dos animais domésticos antes de anoitecer; evitar o acúmulo de entulhos e objetos sem uso no quintal e dentro da cozinha; manter os terrenos baldios e margens dos rios limpos e capinados; guardar o lixo em sacos plásticos bem fechados e em locais altos até a coleta ocorrer.
Fonte: Ministério da Saúde