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Francisco Beltrão
domingo, 22 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

”Manicômio nunca mais” foi a bandeira do Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Saúde

A organização foi dos comitês de Saúde Mental e de Prevenção do Suicídio, que são inter setoriais, envolvendo profissionais de vários setores.

Por que a loucura é tratada com tanto preconceito? Por que os doentes mentais ainda são excluídos da sociedade? Essas foram algumas das questões levantadas sábado, 18, no Dia Nacional da Luta Antimanicomial, em respeito aos doentes mentais. Em Beltrão, várias entidades se reuniram para chamar atenção para o assunto.

A organização foi dos comitês de Saúde Mental e de Prevenção do Suicídio, que são inter setoriais, envolvendo profissionais da saúde, assistência social, educação e segurança, incluindo Polícia Militar, universidades, hospitais, 8ª Regional de Saúde, Centro de Valorização da Vida (CVV Comunidade) e sociedade civil.

“O objetivo é discutir ações de promoção e dar visibilidade às questões de saúde mental, desde o sofrimento, que pode levar ao suicídio. Trabalhamos também a violência contra mulheres, crianças e minorias, como comunidade LGBT”, comenta Cláudia Maio, psicóloga e membro do comitê.

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As mobilizações de 18 de maio visam alertar sobre a necessidade do fim gradativo dos leitos manicomiais, de forma que sejam implantados serviços substitutivos, como Caps 2 (Centro de Atenção Psicossocial), que em Beltrão abrange os municípios da 8ª Regional de Saúde, e Caps AD. Este movimento começou na década de 1980, ganhando força em 2001, com a promulgação da lei 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.

“Penso ser significativo existir um dia que represente a luta antimanicomial, um marco na história da saúde mental, em que vários profissionais, assim como instituições, possam se engajar para apresentar e informar ao cidadão o quanto a qualidade da saúde mental é fundamental. Evidentemente que é um trabalho que necessita ser mantido de forma contínua pela rede, considerando o aumento das demandas que surgem”, declara Verlaine Maria Scabeni, do Hospital Regional.

Os 27 municípios da 8ª Regional de Saúde são atendidos pelo Caps 2, que somente atende alta complexidade. Segundo Patrícia Motter, coordenadora do Caps Saúde Mental Regional, a acolhida e o atendimento são semanal, quinzenal ou mensal, dependendo do paciente. Atualmente são 576 pacientes, atendidos por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e pedagogos.

O Caps AD, que trata pessoas com problemas de álcool e drogas, abrange apenas o município de Francisco Beltrão. Em cinco anos e cinco meses, foram atendidos cerca de 1.400 pacientes. O atendimento é ambulatorial, das 7h30 às 17h. Segundo Ana Paula Reolon Bortolli, enfermeira e coordenadora do Caps AD, o serviço é porta aberta, ou seja, quem tiver interesse pode procurar a entidade; também há encaminhamentos do Conselho Tutelar e do Poder Judiciário.

“Trancar não é tratar”, dizia um dos cartazes feitos pelos estudantes de Psicologia da Unipar, na mobilização de sábado, no Calçadão.

 

Teatro com alunos da Unipar

“Quase chorei. É muito forte”, disse uma beltronense que passava pelo Calçadão, sábado de manhã, e presenciou o teatro da Unipar, no qual uma estudante de Psicologia interpretava um doente mental e colegas faziam o papel de enfermeiros, que a imobilizaram numa maca, para acalmá-la do “surto” e a abandonaram ali mesmo. “Todo mundo achou que era real, foi uma imersão muito boa. Eles usaram o teatro do invisível, muitos não tinham noção de que era real. Muitos ficaram chocados, pensaram que realmente estava havendo um surto. Desta forma, foi bastante eficiente”, destaca Dionísio Ribeiro, professor universitário, que acompanhou a encenação.

Voluntários do CVV Comunidade, de Francisco Beltrão, abordaram as pessoas que circulavam na praça para divulgar o trabalho da entidade, que atua na prevenção do suicídio e tem como slogan “Falar é a melhor solução”.

A encenação de um grupo de alunos de Psicologia da Unipar chamou a atenção.

Muitos que passavam pela praça acharam que se tratava de uma cena real. 

Fotos: Leandra Francischett/JdeB

 

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