Saúde
Dia 22 de fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou uma portaria importante para o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil: a inclusão de um novo procedimento para o tratamento do acidente vascular cerebral (AVC) do tipo isquêmico.Para explicar melhor sobre este procedimento, contaremos com a dra. Luana Gatto, neurocirurgiã e neurorradiologista intervencionista, especialista neste tratamento; o presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, dr. Marcos Lange; e Rodrigo Gardona, acadêmico de Medicina do Centro Universitário de Pato Branco (Unidep).
Popularmente, derrame cerebral é o nome utilizado para se referir à lesão isquêmica cerebral. O cérebro pode sofrer dois tipos de alterações que conhecemos como “derrame”. A do tipo isquêmica é quando uma parte do cérebro não recebe sangue e oxigênio devido a entupimentos de artérias. Os fatores de risco relacionados são: pressão alta, diabetes, tabagismo, alimentação rica em gorduras, obesidade, sedentarismo e outras condições específicas. Essa situação é chamada de acidente vascular cerebral isquêmico.
Talvez muitas pessoas identifiquem essa condição ao se lembrar de um conhecido que perdeu parte do movimento do corpo e da capacidade da fala. É o tipo de AVC mais comum. O segundo tipo, chamado de AVC hemorrágico, ocorre pelo rompimento de um vaso sanguíneo cerebral. É menos comum e uma das suas caraterísticas clínicas é uma dor de cabeça súbita e de forte intensidade. Algumas das principais causas para esse tipo são a pressão alta e o aneurisma cerebral.
Novo procedimento
O procedimento que agora passa a ser realizado pelo SUS é a trombectomia mecânica. Inicialmente, esse procedimento é mais realizado em municípios maiores. De qualquer forma, é uma grande vitória para os nossos pacientes e familiares.A trombectomia mecânica é uma cirurgia para tentar “reverter” um AVC isquêmico que esteja se iniciando. Não serve para pessoas que já sofreram o AVC e ficaram com sequelas neurológicas, mas para aqueles pacientes que estão iniciando as primeiras horas com sintomas de um AVC. Se esse paciente chegar rapidamente ao hospital, de preferência até seis horas do início desses sintomas, terá maiores chances de receber esse tratamento e ter um bom resultado.
Ele é feito de forma minimamente invasiva, ou seja, sem grandes cortes. Através de cateterismo, com um furinho muito pequeno na virilha, um cateter é introduzido pela artéria femoral e “viaja” por dentro dos vasos até chegar ao cérebro e localizar exatamente onde está o entupimento. Existem duas formas de retirar o coágulo que está causando o entupimento no vaso: 1) através de um stent metálico, que consegue “pescar” esse coágulo e trazê-lo para fora do organismo do paciente; 2) através de um sistema de aspiração, que literalmente aspira esse coágulo. Cada método será escolhido conforme o médico neurorradiologista intervencionista, que é o especialista capacitado a realizar essa cirurgia, e a disponibilidade de materiais em cada hospital. Ambos permitem a passagem do fluxo sanguíneo imediatamente onde antes havia sofrimento pela falta de oxigênio.
Jornada acadêmica
Dentro deste contexto, dias 12 e 13 de março será realizada a Primeira Jornada Acadêmica de Neurologia Neurovascular (JANVier) chancelada pela Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV). Esse evento tem a intenção de contribuir com a formação dos estudantes de Medicina de todo o País, com ênfase nas doenças vasculares cerebrais, principalmente o AVC, e capacitá-los para que, ao se tornarem médicos, possam oferecer o melhor cuidado aos seus pacientes.
Estão envolvidos na organização alunos de todas as regiões do País, de Norte a Sul, inclusive com representantes discentes do Unidep: Rodrigo Gardona, Luana Frizzo e Joslaine Schuartz Iachinski. Durante o evento, as palestras serão proferidas por renomados especialistas em neurologia vascular de instituições como USP e UFPR. Até o momento, já foram realizadas mais de 1.500 inscrições. O evento irá ocorrer pelo YouTube. Maiores informações e inscrições, basta acessar o Instagram: @janvier_sbdcv ou enviar e-mail para rodrigogardonamed@gmail.com.