Ele não percebeu que havia sido atacado pelo animal e foi ao médico quase 12 horas após o acidente.

Familiares e amigos de Vitalin José Colleto, de 61 anos, sepultaram no final de semana o corpo do aposentado, morador de Ampere. Ele fazia bicos como jardineiro, limpando terrenos, e morreu após ser picado por uma serpente cascavel e não percebeu o ataque.
O acidente aconteceu terça, dia 14, à tarde, quando Vitalin trabalhava na limpeza de um lote, mas ele só procurou atendimento médico durante a madrugada. “De tardinha o pai foi buscar a mãe no serviço e já tava meio mal, mas como tinha problema de ácido úrico, achava que era disso. De madrugada ele já acordou com muita dor no braço e tava bem inchado, daí que foi pro pronto-socorro”, conta o filho Jair Colleto.
Após o atendimento inicial em Ampere, Vitalin foi encaminhado ainda de madrugada para o Hospital Regional de Francisco Beltrão e, como não sabia que animal o havia picado, recebeu tratamentos para combater o veneno de aranhas, escorpião e cobras. Com o tempo, seu estado de saúde foi definhando, teve o braço amputado e precisou fazer hemodiálise, mas não resistiu a uma parada cardíaca e morreu na manhã de sábado, 25.
O caso evidencia a necessidade de atendimento rápido em acidentes que envolvem animais peçonhentos. “O pai achava que tinha se machucado em alguma coisa, algo normal, mas eram os dois pontinhos da mordida da cobra, só que só foi descobrir isso no médico”, lamenta Jair. O veneno de cascavel afeta o sistema nervoso e age rápido.
SUS disponibiliza antídoto em poucas horas
JdeB – O fator que pode ser decisivo para salvar uma pessoa atacada por serpentes venenosas é a agilidade no tratamento, feito com soro antiofídico. Na região, o estoque do antídoto fica concentrado em Francisco Beltrão, com profissionais de plantão de madrugada e nos fins de semana, e consegue atender aos municípios vizinhos em poucas horas.
“Existe, hoje, um protocolo muito eficiente para esses casos. A vítima geralmente é atendida no município, os profissionais identificam qual animal pode ter picado, aciona nosso sistema, faz a receita e entregamos imediatamente o antídoto para aplicação no paciente”, explica o chefe do Serviço de Vigilância Epidemiológica da 8ª Regional de Saúde, Elton Nunes.
Em todo o ano passado, foram registrados 789 acidentes com animais peçonhentos e nenhuma vítima morreu. Destes casos, foram 38 acidentes com serpentes.
“Até hoje ando olhando pro chão”, diz homem atacado por jararaca há 11 anos
JdeB – Em 2009, o veterinário Marcos Savegnago caminhava em meio a uma lavoura quando foi picado por uma cobra jararaca. No caso dele, como percebeu o ataque, matou a cobra a facão e foi imediatamente para o antigo 24 Horas de Francisco Beltrão. Em pouco tempo, estava medicado, no hospital.
“A única coisa que me aconteceu foi o inchaço da perna e um pouco de tontura, mas não ficou nenhuma sequela, nada”, conta. Marcos ficou internado por três dias e levou junto a serpente (morta) que o havia atacado, o que facilitou a rápida aplicação do antídoto certo.
O veterinário recomenda o atendimento imediato nesses casos e o cuidado redobrado ao andar por locais com mato ou de calçado aberto: “Até hoje ando olhando pro chão, me cuidando, não é fácil perder o trauma”.