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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

O cardiologista pediátrico e a sua importância

Saúde

O dr. Marco Aurélio Simon, cardiologista pediátrico.

No dia 12 de junho é celebrado o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita – má formação cardíaca que está presente durante o desenvolvimento do feto. Sua causa inclui vários fatores que vão desde os ambientais, genéticos, uso de medicamentos e drogas, doença materna como o diabetes, lúpus e infecções como a rubéola e a sífilis que possam agir no momento de formação do coração fetal que ocorre praticamente ao final das primeiras quatro semanas de gravidez.

Todos os anos, cerca de 130 milhões de crianças nascem no mundo com algum tipo de cardiopatia congênita. Só no Brasil, são mais de 21.000 bebês que precisam de algum tipo de intervenção cirúrgica para sobreviver. Desses, ao redor de 6% morrem antes de completar um ano.

A cardiopatia congênita acomete oito crianças em cada mil nascidos vivos. As más formações cardíacas congênitas são várias e, entre as mais comuns estão as comunicações interatriais (comunicação anômala entre os átrios direito e esquerdo), e as comunicações interventriculares (que é a ligação entre os dois ventrículos por um defeito no septo que também os separam). O profissional especializado para o tratamento é o Cardiologista Fetal Pediátrico.

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O que faz o cardiologista pediátrico?

Boa parte das pessoas ainda acredita que os problemas cardiovasculares só atingem adultos ou idosos, e não bebês ou crianças; mas esta realidade é muito mais ampla do que se pode imaginar. O coração é o motor do nosso corpo. É através do coração, mais propriamente das artérias, que o sangue é bombeado para todos os nossos órgãos. Logo no nascimento podem ser detectados problemas cardíacos no bebê, e algumas vezes podem necessitar de suporte médico imediato. O cardiologista pediátrico é o médico que atua nas doenças cardíacas do feto e infância, destinando-se ao diagnóstico, tratamento e prevenção de disfunções ou problemas relacionados ao coração.

 

Cardiologia Pediátrica é semelhante à Cardiologia de Adultos?

Não, são formações distintas. Na Cardiologia Pediátrica, a formação destina-se à área específica da Pediatria e, por se tratar de alterações presentes ao nascimento, o atendimento e acompanhamento pode ter início na GESTAÇÃO. Apenas adultos com deformidades desde o nascimento (operados ou não) continuam com a assistência do cardiologista pediátrico, além das doenças que acompanharão com o cardiologista de adulto, adquiridas no decorrer da vida. A atuação envolve ainda o acompanhamento de crianças em treinamento físico e o seguimento de crianças com doenças sistêmicas (obesidade, diabetes, hipertensão arterial e sedentarismo), síndromes genéticas que causam alterações cardíacas ou ainda aquelas que necessitam de algum medicamento com potencial risco de alteração do ritmo ou de função cardíaca, como anticonvulsivantes ou quimioterápicos. Na Cardiologia de Adultos, o profissional tem o seu estudo e formação baseados nas doenças que adquirimos com a idade, com causas, métodos diagnósticos e tratamentos diferentes das cardiopatias congênitas.

 

Como se manifesta uma doença cardíaca na infância?

Quando um sintoma cardiovascular aparece, como dor torácica (dor no peito), cansaço anormal aos exercícios ou ao mamar no seio, crises de cianose e/ou cianose central (coloração arroxeada nos lábios e face), tonturas, desmaios, palpitações (sensação de batimentos cardíacos acelerados ou com ritmos irregulares) ou sopros cardíacos, a consulta com um profissional especializado em Cardiologia Pediátrica permite, através do exame físico específico, investigação da história clínica e familiar, amparado por exames complementares, definir ou excluir o diagnóstico de cardiopatia. Alguns tipos de problemas, infelizmente, não se apresentam facilmente e são mais silenciosos, demorando mais para serem descobertos. Uma vez definido o diagnóstico de uma doença cardíaca, o médico Cardiologista Pediátrico (cardio pediatra) esclarecerá todas as dúvidas sobre o quadro, amparando os pais e familiares e direcionando para a melhor terapêutica a ser aplicada.

 

Como são tratadas as doenças cardíacas na infância?

Uma vez que o paciente tenha nascido com, ou adquirido uma alteração cardíaca, deverá seguir com acompanhamento de um Cardiologista Pediátrico ao longo de toda a vida. As evoluções na Cardiologia Pediátrica, tanto no que diz respeito a métodos diagnósticos como a tratamentos, ou seja; nos avanços da ecocardiografia, na cirurgia e em procedimentos hemodinâmicos (cateterismo), bem como crescentes conhecimentos do cardio pediatra sobre detalhes das doenças têm permitido maiores chances de sobrevida e melhor qualidade de vida aos pacientes cardiopatas. Existem patologias que são somente acompanhadas clinicamente, outras que melhoram com medicamentos como diuréticos, anti-hipertensivos e antiarrítmicos. Também existem pacientes que necessitam de cirurgia (de urgência ou eletiva) e ainda as solucionadas por cateterismo, evitando-se o procedimento cirúrgico.

 

Ecocardiograma fetal

O que é?

O ecocardiograma fetal é um ultrassom (US) do coração do feto, que complementa o US morfológico, com o objetivo de avaliar e detalhar todas as partes e fluxos envolvendo o coração. Deve ser realizado por um cardiologista pediátrico com especialização em ecocardiografia fetal. É um exame não invasivo, que não traz nenhum risco para a mãe ou para o feto.

 

Qual a função do exame?

Avaliar a anatomia e a função do sistema cardiovascular fetal, assim como o ritmo cardíaco fetal e também as complicações decorrentes de outras doenças da mãe e do feto – É no ecocardiograma fetal que se detecta alterações como a Tetralogia de Fallot, a Transposição dos grandes vasos, os defeitos de septo atrioventricular (DSAV), entre outras cardiopatias congênitas. Quando alguma doença cardíaca fetal é detectada, o cardiologista pediátrico consegue determinar se o bebê necessita nascer em um centro especializado em cardiopatias congênitas ou se não há essa necessidade; ainda, dependendo da idade gestacional que se detecta alguns defeitos específicos, pode-se realizar procedimentos durante a gestação. Avaliar a existência de arritmias cardíacas fetais faz parte do exame, sendo que alguns fetos precisam de tratamento ainda antes do nascimento.

 

Quando está indicado o ecocardiograma fetal?

 

Em alguns locais, quando disponível, o ecocardiograma fetal já faz parte da rotina da gestação, uma vez que aproximadamente 90% dos bebês que nascem com algum problema cardíaco não possuem nenhum fator de risco familiar e/ou na gestação.

Alguns fatores de risco já conhecidos e bem definidos são: malformações extra cardíacas, alterações do ritmo cardíaco, suspeitas de alteração cardíaca nos exames pré-natais (tais suspeitas são confirmadas em 40-50% no ecocardiograma fetal), transluscência nucal aumentada, história familiar de cardiopatia congênita, doenças maternas (diabetes, hipertensão, doenças de tireoide, doenças autoimunes, transtornos de humor, obesidade), uso de drogas ilícitas, medicamentos durante a gestação (anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, antidepressivos, anticonvulsivantes), inseminação, gestação gemelar, idade materna avançada, infecções adquiridas na gestação (rubéola, citomegalovírus) e síndromes genéticas.

 

Qual o período ideal para realizar o exame?

A partir das 20 semanas até momentos antes do nascimento, lembrando que quanto mais avançada a gestação, menos líquido há em volta do feto, mais denso os ossos e menor o espaço para movimentação, o que pode dificultar a visualização adequada das estruturas cardíacas. O período ideal para que se obtenham as melhores imagens cardíacas do feto é entre 20 e 26 semanas de gestação.

 

Ecocardiograma pediátrico

O que é?

É um exame de ultrassom que permite ver e analisar o coração em movimento, as válvulas cardíacas e os principais vasos que chegam e saem do coração. Através do ecocardiograma é possível detectar malformações do coração e alterações de sua função.

 

Qual a função do exame?

Permite o diagnóstico de muitas doenças cardíacas, sejam elas congênitas (já presentes ao nascimento), como a Tetralogia de Fallot (Síndrome do bebê azul), transposição dos grandes vasos, comunicação interventricular (CIV), comunicação interatrial (CIA), defeito do septo atrioventricular (DSAV), coarctação de aorta, estenose ou insuficiência de válvulas cardíacas, ou ainda sejam elas adquiridas ou manifestas na infância ou adolescência, como miocardiopatias (ex: miocardiopatia hipertrófica, muito importante por causar morte súbita em crianças e adultos jovens, ou dilatada, muitas vezes secundária a causas infecciosas), endocardites, vasculites (ex: doença de Kawasaki), lesões valvares por febre reumática, entre outras. O ecocardiograma permite também a avaliação dos efeitos causados ao coração por doenças sistêmicas ou medicamentos, como hipertensão, diabetes, medicamentos quimioterápicos (medicamentos usados no tratamento do câncer) e arritmias.

 

Quais os riscos do exame?

Como exame de ultrassom, o ecocardiograma não é invasivo, não oferece riscos ao paciente, não o expõe à radiação, e na imensa maioria das vezes não requer nenhum tipo de sedação, sendo que apenas algumas orientações específicas para os pais podem facilitar muito a realização do exame.

 

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