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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

“O leite materno é fantástico; é muito mais do que nutrir a criança”

A declaração é da pediatra Elizamara Eliege Segala.

Dra. Elizamara Eliege Segala, pediatra.

São inúmeros os benefícios da amamentação. “O leite materno é fantástico; é muito mais do que nutrir a criança, ele é inigualável. É dinâmico, atende as necessidades especificas de cada bebê”, comenta dra. Elizamara Eliege Segala, pediatra. Há uma estimativa de que, isoladamente, o leite materno seria capaz de evitar cerca de 823.000 mortes em menores de 5 anos, anualmente, ou seja, permite à criança uma oportunidade única de proteção para muitas doenças crônicas não transmissíveis, além dos benefícios a curto prazo.  “É um alimento dinâmico, perfeitamente adaptável à necessidade de cada bebê. Por exemplo, um bebê que nasce com 7 meses de gestação, sua mãe ofertará um leite específico para necessidade daquele bebê, com relação à quantidade de anticorpos (imunidade), de proteína, etc., diferente do que seria ofertado se o bebê nascesse com 9 meses.” 

Segundo a pediatra, o leite também muda durante uma mesma mamada e durante a evolução do bebê, por exemplo, o colostro da primeira semana de vida da criança é um leite específico para essa fase, período em que ele confere uma grande carga de imunidade e, após 10 dias de vida, ele já é um leite maduro, atendendo à outras necessidades.” Ela acrescenta que o leite materno muda se o bebê apresenta alguma intercorrência infecciosa, voltando a produzir mais anticorpos do que o habitual, e nenhuma outra espécie de mamífero apresenta essa característica.

“Ele proporciona transferência de ácidos graxos ao bebê, como o DHA, que acumula no cérebro, principalmente nos primeiros 6 meses de vida, com forte influência sobre o desenvolvimento cognitivo daquela criança, estimulando a inteligência. Além da mama ofertar esses nutrientes riquíssimos, e imunidade, ela secreta também micro RNAs durante todo período, e são esses micro RNAs que têm poder de atuar modificando a expressão dos genes e prevenindo doenças crônicas futuras, como obesidade, alguns tipos de câncer, asma, dermatite atópica, etc. Além da contribuição para desenvolvimento afetivo, emocional do bebê, benefícios orofaciais, e inúmeros outros.” 

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Maiores dificuldades 
Segundo dra. Elizamara, desde o início, até que se estabeleça a amamentação, a maioria das mulheres passa por desafios. “É importante que a mulher decida amamentar ainda na gestação, que saiba previamente quais os desafios ela poderá passar e como fará para vencê-los. O primeiro deles é fazer o bebê abocanhar a mama da forma adequada, que não machuque o seio. Sabendo a técnica correta, posição e pega adequada do bebê, evitará muito transtorno após o nascimento.” Ela destaca que cerca de 80 % das mulheres têm desconforto para amamentar na primeira semana, mas se o desconforto continuar após esse período ou se tiver dor a ponto de chorar, deve procurar ajuda o quanto antes, para avaliação da mamada e resolução do problema. A amamentação deve ser prazerosa para ambos. Outros desafios podem surgir com o tempo, como diminuição do leite, algum outro problema na mama, o cansaço, etc. Por isso deve-se atuar na prevenção, evitando dispositivos artificiais como bico, chupeta, bico intermediário de silicone, etc. 

Coronavírus
A pediatra ressalta que mãe infectada pelo coronavírus não impede a amamentação. “Bem pelo contrário, é recomendado que continue amamentando, com os devidos cuidados de higiene e uso de máscara, e se a mãe estiver em condições clíinicas de amamentar. Também enfatizo que nenhum tipo de mamilo impede a amamentação, embora determinados tipos, como invertido, plano ou muito protuso exijam instrução adequada à mãe de como proporcionar a pega efetiva.”

Aprendizado
“Amamentar não é uma prática instintiva, como ocorre com qualquer outro mamífero. Necessita ser aprendido. Durante a gestação, algumas mães se preocupam com tantos detalhes materiais, e quando o bebê nasce, percebe que aquilo não tem tanta importância, pelo menos naquele momento, como lembrancinha de visita, móvel do quartinho do bebê, roupa de saída de maternidade, etc. Não que não seja importante, mas muitas vezes deixam de buscar a informação que realmente vai precisar nesses primeiros dias. Por isso, se instrua ainda na gestação e instrua sua rede de apoio”, destaca. 

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Dra. Elizamara apresenta algumas dicas

– Se alimente bem, na gestação e durante a amamentação. Se puder, coma diariamente peixes como atum, sardinha ou salmão, que são riquíssimos em DHA, que passará pelo seio materno para o bebê

– Caso seja preciso suplementar com outro leite temporariamente, evitar mamadeira. Utilize o copinho, peça ao profissional de saúde ensinar como usar o copinho, para que o bebê não faça confusão de bicos e queira “largar” o seio por mamar em outro bico mais fácil.

– Os pais também são protagonistas desse processo, apoiando sua companheira, participando das consultas sempre que possível, aumentando sua ajuda nos afazeres de casa, cuidando o bebê para que ela consiga descansar, buscando e levando o bebê durante a madrugada, ajudando o bebê a arrotar, compreendendo a oscilação emocional que é bem possível na puérpera.

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