A declaração é de Dilma Schirr, uma das psicólogas mais renomadas do Sudoeste.

mais atenção, porque o desejo continua iminente.
“Eu amo muito e odeio muito. Isso tudo muito rápido, um [sentimento] substitui o outro. Às vezes fico muito irritado e não tenho controle sobre isso, tenho vontade de me machucar. Sou impulsivo; muitas vezes me arrependo do que falei ou fiz, então choro muito”, desabafa Henrique, 32 anos. Foi na impulsividade que ele tentou tirar a própria vida, quase 20 anos atrás. Assim como Carolina (citada na matéria acima), Henrique tem transtorno bipolar e sofre por não saber identificar o que faz parte da doença e o que é da sua personalidade, por isso a necessidade do acompanhamento médico.
A psicóloga Dilma Schirr destaca que o suicídio geralmente está associado a perdas recentes e a bipolares em estágio avançado. “Comparo a depressão que leva ao suicídio com uma árvore de carvalho, que é uma das maiores e mais fortes que existem. A depressão é como uma orquídea, que vai sugando a seiva do carvalho e vai se multiplicando e tirando o seu vigor, a ponto de levar à morte, porque está com desespero, desamparo e desesperança”, define Dilma.
Ela explica que a depressão é uma doença biológica, que pode ser genética e também psicossocial e cultural, porque existe em todos os lugares e, dessa forma, pode ser tratada, evitando o autoextermínio. “O suicida deixa uma rede de pelo menos seis pessoas vegetando ou tentando sobreviver, como fala na cartilha de prevenção ao suicídio”, completa, demonstrando que o sofrimento é ainda maior.
Henrique conta que há relatos de que sua tataravó, a cada parto, era internada no hospício. Ela sofria de depressão pós-parto, mas somente agora existe este diagnóstico. Outro ente de sua família, décadas atrás, “morreu de desgosto, ficava trancado no quarto escuro, não queria receber ninguém, hoje a gente sabe que isso é depressão.”
Como você faria?
É preciso perguntar: “Você já pensou em se matar? Como faria?”. Segundo Dilma, a partir dessas informações é possível prevenir muitos casos. Ela afirma que, normalmente, a pessoa fala para um amigo, sacerdote, psicólogo ou médico, porque não está mais suportando a dor, mas dificilmente diz para a família. O suicida em potencial evita falar no assunto, porque tem vergonha. Na realidade, ele não quer morrer, apenas aliviar a dor psíquica.
“O momento pós-tentativa é o mais perigoso, porque o desejo continua iminente. Proteger e cuidar com carinho, para não acontecer. A prevenção já evitou milhões de mortes”, enfatiza Dilma. A prevenção também se faz com os cuidados do corpo, da inteligência e do espírito, que são os grandes pilares do ser humano.