Enquanto o plasma pode durar até um ano congelado, as plaquetas devem ser descartadas em cinco dias. Por isso a importância de coletas diárias.
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O estoque do Hemonúcleo Regional de Francisco Beltrão continua regular, mesmo nos meses de temperatura mais baixa. Embora a tendência seja de diminuir as doações com a chegada do frio, a equipe trabalha com agendamentos e parcerias para manter a média de coleta. Esse esforço é necessário para garantir a regularidade do estoque, pois, enquanto o plasma pode durar até um ano congelado, as plaquetas devem ser descartadas em cinco dias, por exemplo.
Anualmente, o Hemonúcleo de Beltrão atende em média pouco mais de 8 mil doadores, mas nem todos conseguem completar a doação, devido a impedimentos clínicos. “Em alguns meses, especialmente os mais frios — junho, julho e agosto —, há uma queda no número de doadores. Para compensar essa redução, trabalhamos com uma logística de agendamentos diários de grupos, como escolas, universidades e empresas, além dos municípios, garantindo assim a manutenção de um estoque suficiente para atender às demandas da nossa região”, conta Júlio Cesar Matias do Nascimento, enfermeiro-chefe no Hemonúcleo.
Com essa programação, que garante coletas todos os dias, além da demanda espontânea, as doações mantêm uma média de 600 bolsas por mês. “Essa logística também otimiza a nossa produção de hemocomponentes, tendo em vista que a validade entre eles é muito variável. Enquanto o plasma fresco congelado dura um ano, o concentrado de plaquetas tem validade de apenas cinco dias, logo, um número mínimo de doações diárias permite a estabilidade do nosso estoque”, acrescenta Júlio.
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O Hemonúcleo Regional de Francisco Beltrão atende todos os 27 municípios da 8ª Regional de Saúde, mais o município de Dionísio Cerqueira (SC). As prefeituras são responsáveis por enviar os doadores, providenciando o agendamento e transporte. Adrielly da Rocha já era doadora quando morava em Goiânia. Agora que veio para Dionísio Cerqueira, quer manter a boa ação: “Me sinto útil. É a primeira vez que eu venho com o município, eu liguei e dei meu nome, pretendo vir sempre”.
Junho Vermelho
Este mês tem uma campanha específica para estimular a doação de sangue — que tende a cair com as baixas temperaturas —, o Junho Vermelho, e também uma data especial: 14 de junho, Dia Mundial do Doador de Sangue. Nesse dia, há duas semanas, o Hemonúcleo de Beltrão recebeu doadores de Dionísio Cerqueira e Eneas Marques, além das doações espontâneas. Caso de Gilvane Francisco Barroso, de Marmeleiro, que doa desde 2007. “A minha mãe precisou fazer uma cirurgia e precisou de sangue e, a partir daquela época, quando eu posso, venho doar”, afirmou.
Retribuir a ajuda que recebeu também é a motivação de Marlene Zamboni: “Há dois anos, a minha mãe precisou de sangue e eu pedi ajuda a outras pessoas doadoras. Aí me motivou a vir doar pra quem precisa, porque é um ato muito importante”.
Já Marcos de Souza veio de Pérola D’Oeste, ontem, para concretizar a doação. “Um conhecido lá do meu município precisou de sangue, infelizmente ele acabou morrendo, mas a gente veio pra repor o sangue que foi pra ele. Aquela vez eu vim junto, mas não pude doar. Dessa vez eu consegui e pretendo continuar vindo.”
Quem pode doar sangue?
Os requisitos para doação de sangue são: estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos (pessoas com menos de 18 anos precisam estar acompanhadas dos responsáveis ou com formulário de autorização e pessoas acima de 60 anos só podem doar se já tiverem doado sangue alguma vez antes dessa idade), pesar no mínimo 50kg e apresentar um documento original com foto para fazer o cadastro. Estar descansado (ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas), estar bem alimentado e consumir líquidos, como suco, chá e água, antes da doação também são algumas das orientações.

O técnico em enfermagem Claudemir Rodrigues faz a coleta do sangue de Marlene Zamboni, doadora voluntária.
O Hemonúcleo de Beltrão precisa de novas doações todos os dias para manter seu estoque regular.
Fotos: Aline Leonardo/JdeB