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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Pesquisa revela que 35% da população precisa de tratamento ortodôntico

Dentistas dizem que origem dos problemas é multifatorial e cuidados devem iniciar ainda quando criança.

 

Com a evolução de materiais e aparelhos, os tratamentos ortodônticos se tornaram mais rápidos e estéticos, como os braquetes de cerâmica, que são pouco perceptíveis. 

 

Uma recente pesquisa sobre saúde bucal realizada pelo Ministério da Saúde aponta que cerca de 35% da população possui alguma disfunção que exige tratamento ortodôntico. Na comparação com o restante do mundo, o brasileiro dedica tanta atenção aos dentes quanto a população norte-americana. Apesar dos cuidados com a higiene bucal iniciarem cedo entre os brasileiros, alguns detalhes ainda quando criança podem evitar a necessidade do uso de aparelhos ortodônticos ou cirurgias. 
A evolução dos tratamentos e a preocupação estética dos novos materiais têm motivado muitos adultos a utilizarem aparelhos. De acordo com dados da Associação Americana de Ortodontia, mais de 1 milhão de adultos nos Estados Unidos passaram a usar aparelhos para o alinhamento dos dentes. No Brasil também houve crescimento. Estima-se que cerca de 40% a 50% dos pacientes que usam aparelhos tenham idade superior a 30 anos. 
A origem da má posição dentária que leva o paciente à necessidade de um tratamento ortodôntico pode ter variadas origens, garante a cirurgiã-dentista Itauana Rech, de Francisco Beltrão. Segundo ela, a interação destes fatores pode influenciar o crescimento e o desenvolvimento das arcadas, provocando problemas ortodônticos futuros. “Há fatores hereditários, características raciais e familiares, o tamanho dos dentes. Existem os fatores como perda precoce de dentes de leite ou perda de dentes permanentes sem reabilitação. E tem também alguns hábitos bucais como chupar o dedo e uso de chupetas, que poderão causar algum tipo de complicação ortodôntica”, relata dra. Itauana. 
Algumas deformidades podem ser corrigidas com o emprego de outras técnicas odontológicas se o problema for identificado cedo. De acordo com o cirurgião-dentista Bento Stang, coordenador do curso de Odontologia da Unisep de Francisco Beltrão e cirurgião bucomaxilofacial do Hospital Regional do Sudoeste (HRS), nestes casos é empregada a ortopedia facial, mas a técnica precisa ser utilizada na fase de desenvolvimento da criança. “Tem que ser até os 12 ou 13 anos de idade, esta técnica consegue estimular o desenvolvimento daquele osso e vai ter um alinhamento”, explica.
Ficar de olho nestes problemas quando ainda crianças é a função da odontologia pediátrica. O próprio pediatra tem em sua formação o conhecimento para identificar possíveis alterações dentárias. Dr. Bento ressalta que boa parte das deformidades podem ser evitadas, mas dependem muito da atenção dos pais. “O pediatra pode orientar os pais se identificar algum tipo de problema. Identificando precocemente, consegue corrigir precocemente. Por isso é importante um acompanhamento odontológico desde o surgimento dos dentinhos. Se tratados logo, todos os problemas acabam sendo minimizados e até resolvidos com o mínimo de tratamento, muitas vezes sem necessidade de cirurgia e ortodontia”, afirma.
Dependendo da seriedade do caso, a cirurgia ortognática também pode ser necessária. “Em alguns casos de mau posicionamento dos ossos, às vezes tentamos resolver apenas com o aparelho ortodôntico, mas em outros o problema volta porque tinha uma alteração óssea também. Chamamos de ortodontia compensatória, que coloca na posição correta fazendo inclinação dos dentes, mas se inclinar demais, tira da posição correta. Nestes casos, termina o tratamento ortodôntico e um ano ou dois depois os dentes voltam na posição incorreta, isso ocorre porque deveria ser corrigida a parte óssea, e não somente dentária. É a associação de ortodontia com cirurgia”, detalha dr. Bento Stang.
Idade não impede tratamento
Como mostrou a pesquisa, muitos pacientes da ortodontia têm idade superior a 30 anos. Conforme dra. Itauana Rech, o tratamento em adultos é diferente do aplicado em jovens e adolescentes, já que as pessoas mais velhas apresentam variações que acompanham o envelhecimento, com alteração da mineralização óssea e aumento da rigidez. “A reabsorção óssea é igual em todas as idades, porém a reposição reduz com a idade. Desse modo, as forças ortodônticas aplicadas em adultos devem ser cuidadosamente controladas. Mas esses fatores não impedem o tratamento, muito pelo contrário, o que se vê é uma procura cada vez maior de adultos pela ortodontia e esses pacientes exigem um tratamento eficaz tem aumentado cada vez mais a demanda por procedimentos mais estéticos e confortáveis”, revela a dentista. 
Corrigir imperfeições nos dentes há alguns anos era muito complexo e se fazia uso de aparelhos extrabucais, o que, segundo dra. Itauana, era desconfortável e desagradável para o paciente. Ela conta que, com a modernização da ortodontia, já existem no mercado diversos modelos para todos os gostos. “O aparelho fixo metálico ainda é o mais utilizado, porém os braquetes de hoje são menores e mais sofisticados, existem modelos que nem fazem mais uso das borrachinhas coloridas e, por não usarem borrachinhas, proporcionam um tratamento mais rápido, sem contar que facilitam a higiene. Para aqueles que não abrem mão da estética, existem os aparelhos de cerâmica, que possuem uma coloração que se confunde com a cor dos dentes tornando o aparelho quase transparente. E mais recentemente foram lançados aparelhos que não utilizam suportes ou fio de metal. Trata-se de uma placa transparente que é trocada gradativamente conforme a evolução do tratamento”, comenta.
Independentemente da gravidade do caso e do tipo de tratamento necessário, dr. Bento frisa que é importante o paciente estar ciente dos tipos de deformidades e buscar sempre o melhor planejamento e um bom profissional. “Existem casos em que os pacientes não querem cirurgia, mesmo quando necessária, e o que resta é somente o ajuste, e existem casos em que o paciente nem sabe que precisava de cirurgia, e isso é obrigação do profissional orientar. Nem tudo pode ser corrigido com aparelho apenas e nem todos os pacientes precisam de aparelho. É importante entender o problema e ouvir as orientações do dentista”, afirma.  

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