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Francisco Beltrão
quarta-feira, 04 de junho de 2025

Edição 8.218

04/06/2025

Por que este período interfere tanto no emocional das pessoas?

Saúde

Cláudia Maio.

Por Cláudia Maio*
Mais do que o estresse advindo da mudança drástica de rotina e o isolamento, o fator que gera mais angústia é sentir-se vulnerável, sem controle sobre sua própria vida, ou seja, perdemos a sensação (falsa) de ordem, continuidade e segurança. Nos tornamos impotentes, e isso traz à tona vários medos e sentimentos – medo da morte, sentimento de culpa e de insignificância. Podemos reagir de várias formas frente a esse medo, que correspondem a tentativas de “luta ou fuga” frente ao perigo. Alguns tentam controlar o medo exagerando em cuidados e precauções descabidas (estoques), outros acionam o modo “herói destemido” e exageram na exposição, doam-se à luta, esquecendo-se de si próprios e, uma boa parte, utiliza-se da “negação”, duvidando dos fatos e informações, ou seja, ao não enfrentar, evito ter medo. É comum em momentos de catástrofe as pessoas buscarem explicações religiosas e místicas para dar sentido ao que não compreendem. No caso da Covid, o inimigo é invisível, é preciso então concretizar um inimigo, nomear um culpado, se convencem que esse mal virá somente para aqueles que merecem, como um castigo moral. Todas essas atitudes são modos inconscientes de defesa, que utilizamos ao nos sentirmos ameaçados.
Suicídio? Saídas? Acredito que, infelizmente, há o aumento da possibilidade de suicídio numa situação ímpar como essa. Principalmente as pessoas que já apresentavam quadros psicopatológicos (depressão, pânico, bipolaridade, esquizofrenia), demonstram o aumento de seus conflitos e de seu sofrimento. A pandemia pode trazer a ideia de que a vida não tem um sentido, já que pode ser retirada a qualquer momento, você se cuidando ou não, você sendo bom ou não. A desesperança e o desespero são os sentimentos prevalentes no suicida e também os mais comuns em catástrofes ou pandemias. Por isso a necessidade de apoio às pessoas que estão apresentando maiores sinais de ansiedade, medo, insônia, tristeza e desadaptação a situação do momento. Algumas estratégias de proteção podem ser manter contato (mesmo virtual) com amigos, familiares, grupos de apoio, psicotapeuta, etc.

Reorganizar o ritmo e a rotina de afazeres em casa, com atividades que trazem satisfação e relaxamento. Manter-se bem informado (fontes seguras), mas evitar a busca excessiva de informações, de várias fontes e grupos, que muitas vezes só contribuem para pensamentos geradores de mais ansiedade.

* Psicóloga, professora da Unipar e servidora pública da área da saúde.

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