Hospital Regional faz atendimento a gestantes de alto risco.
No HRS também são feitos os atendimentos ambulatorial e hospitalar a gestantes de alto risco, que são aquelas que apresentam alguma condição clínica pré-existente, como hipertensão, cardiopatias, obesidade, entre outras, ou que tiveram intercorrências clínicas durante a gestação, como infecções ou má formação fetal.
“São dois nortes: a assistência e a vigilância dos óbitos trabalhando juntas nesse processo que culminou nessa redução bastante significativa. Mas ainda temos muito o que avançar e consolidar. Pontualmente, há muita coisa boa que ainda não está consolidada, pois tínhamos muitas frentes de trabalho, mas que hoje conseguimos especificar melhor essa mortalidade. Por exemplo, a alta mortalidade vinculada à prematuridade e à infecção na gestação, sobretudo a urinária”, frisa Maria Isabel.
Para Greicy, a superlotação na UTI neonatal do HRS, ocasionada sobretudo por prematuridade de parto, é um dos gargalos da rede e precisa ser reduzida. A maior causa de partos prematuros no HRS acontece por
trabalho de parto sem causa específica (15%) ou doença hipertensiva relativa à gravidez (10% dos casos). Em 2015, segundo dados de um dos pediatras responsáveis pela unidade de terapia intensiva, dr. Ricardo Pin, a lotação média foi de 110%. “Recebemos 10 bebês na UTI neonatal, e os outros são atendidos na emergência ou no centro cirúrgico. Não é o ideal, mas conseguimos atender bem essas crianças”, pondera.
O hospital já tem projeto para ampliação da capacidade para 14 leitos. Na opinião do pediatra, entretanto, é necessário melhorar a rede como um todo, desde a captação e triagem da gestante de alto risco, passando pelo transporte da mãe e do bebê (geralmente feito pelo Samu) e atendimento de emergência do recém-nascido no chamado “minuto de ouro” logo após o nascimento, além do próprio hospital. “Os números evidenciam a melhora, mas ainda há o que evoluir, principalmente em capacitação profissional”, avalia Ricardo.
Dos bebês que deram entrada na UTI neonatal em 2015, 7,25% não fizeram pré-natal; 26,8% fizeram o pré-natal no próprio HRS e 66,67% nasceram no HRS. “Aumentar a taxa de nascidos aqui no hospital passa por melhorar o transporte, por exemplo”, diz Ricardo.
Classificação do risco de vida da criança
Dos 35 óbitos na 8ª RS em 2015, 16 morreram antes dos sete dias de vida e 15 morreram entre 28 dias a 1 ano. Evitar essas mortes, segundo a equipe técnica do órgão, é uma questão de estratificação de risco da criança e vinculação da gestante à atenção primária nos municípios também no período pós-parto. “É preciso, além de capacitar melhor os profissionais para esta estratificação da criança, consolidar a vinculação da gestante. A mãe é atendida pelo médico, a medicação é prescrita, mas ela não é acompanhada para ver se houve a adesão de fato à medicação, se a sintomatologia melhorou”, afirma Maria Isabel.
Há também os casos de gestantes que fazem o pré-natal na rede privada, seja particular ou por meio de convênios. Do total de óbitos, cinco foram de mães atendidas por convênio e quatro por acompanhamento particular. “A Linha Guia Mãe Paranaense preconiza uma quantidade muito maior de exames, o monitoramento também é diferenciado, então estamos trabalhando para que, independente da esfera, que essa gestante seja vinculada ao SUS”, sublinha Greicy. “De qualquer forma, a responsabilidade sobre a gestante é da administração municipal”, complementa Maria Isabel.
Mais ações, mais profissionais, mais capacitação e mais avaliação

A secretária de saúde de Francisco Beltrão, Rose Mari Guarda, concorda que há motivos para comemorar as conquistas dos últimos anos, afinal o município baixou dos indesejáveis 22 mortes por mil nascidos em 2011 para os apenas 8 em 2015. Este novo índice está dentro dos padrões admitidos pela OMS e é de primeiro mundo. Mas ela acredita que dá pra melhorar ainda mais.
– Um dado que chama a atenção é que a maioria dos óbitos, hoje, não vêm do SUS e sim da iniciativa privada e dos convênios.
Ação específica neste sentido está sendo programada para os próximos meses.
Sobre os avanços obtidos pelo município, Rose diz que, desde 2013, a Secretaria Municipal de Saúde intensificou ações voltadas para este setor, contratou mais profissionais, investiu mais em capacitação e também passou a analisar mais detalhadamente cada óbito, através do comitê Municipal de Saúde. “A avaliação de cada óbito é feito com a equipe, para ver se teve falha no sistema”, relata a secretária.