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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Psicólogo recomenda que pais fiquem atentos à mudança de atitudes e comportamentos dos filhos

Por Loidi Ferst

Bruno Peres de Olveira: orientação 
aos pais sobre a depressão.

Engana-se quem acredita que crianças não sofrem de depressão. Essa doença nos pequenos é tão real quanto em adolescentes e adultos. É errôneo dizer que “crianças não ficam deprimidas porque não têm problemas” – os problemas trazem tristeza, ansiedade e angústia. Mas a depressão vai além de estar deprimido, é uma doença que possui uma série de evidências, que mostram alteração química cerebral e funcional.  Muitos fatores podem levar uma criança à depressão, um deles são os problemas familiares. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, oito milhões de crianças e jovens com idades entre 9 e 17 anos sofrem com a doença. A OMS aponta que a depressão é a principal causa de incapacidade de realização de tarefas cotidianas na faixa de 10 aos 19 anos de idade. O psicólogo infantil Bruno Peres Oliveira comenta que a criança esconde os verdadeiros sentimentos depressivos. “Os sentimentos de uma criança também devem ser levados a sério. Devemos escutá-las e entender o que está acontecendo. Precisamos ver a criança como um espelho. Os sintomas são o reflexo de algo que está sendo vivido. Muitas vezes pode ser algo simples, como a vinda de um irmão ou mudança de escola, ou algo complexo, como recorrentes desentendimentos entre os pais”, observa. 

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Os sintomas
A depressão na criança pode ser inicialmente percebida pela falta de interesse nas atividades que, antes, eram habitualmente interessantes. O psicólogo alerta aos pais para que fiquem atentos aos sintomas. “A criança começa a ter uma espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras e esportes, preguiça e redução significativa no desempenho escolar, irritabilidade, agressividade, hiperatividade e rebeldia. Falta de iniciativa, distúrbio no sono, tanto o sono em excesso como a insônia. Precisa de um olhar atento dos pais para detectá-los”, ressalta. 

Os pais têm enorme resistência em entender esse comportamento como doença. A primeira leitura é interpretá-la como erro de criação e, por isso, sentem-se culpados. Bruno aconselha os pais a participar o máximo possível da vida dos filhos. “Devemos tomar cuidado para não construir uma relação baseada em trocas e presentes. O processo de desenvolvimento da criança não pode ser terceirizado. A presença dos pais, sem pecar pelo excesso, é fundamental para a prevenção de uma depressão infantil”, orienta. 

Tratamento infantil
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de antidepressivos ou sessões de psicoterapia, que ajudam a criança a aprender sobre a depressão e também como fazer para a melhora do problema. A terapia familiar também é importante para a criança, pois irá abordar a família como um todo, fazendo com que os pequenos se sintam mais seguros quando os pais e irmãos participam da terapia como grupo. 

Para Bruno, o trabalho do psicólogo vai acontecer através do interesse que a criança apresente durante o tratamento, buscando resgatar a autoestima. “O tratamento com o psicólogo deve ocorrer com frequência semanal. Precisa ser atrativo para a criança, acontecendo dentro do interesse dela através de jogos clássicos de tabuleiro e também outros formatos mais atuais, como videogames, recursos audiovisuais e música. Por meio da brincadeira, irá acontecer o tratamento com o que a criança deixar transparecer, assim, construindo sua própria demanda.”

Papel da escola
O professor deve estar atento em relação à mudança brusca de comportamento do aluno. Caso o comportamento persista, é importante alertar os pais ou responsáveis que a criança tem apresentado uma mudança de comportamento sem razão aparente.

As consequências
O quadro depressivo na criança pode alterar o nível do seu aproveitamento escolar. Se no primeiro momento ninguém notar que a criança não aprendia porque estava triste, na segunda fase ela vai achar que é mesmo incapaz e, provavelmente, não vai se desenvolver como os demais colegas. 

O psicólogo alerta que, “com o tratamento tardio dessa doença, pode ocorrer o agravamento, tornando-se mais difícil o tratamento nas fases subsequentes. Quanto mais tardio o início deste tratamento, maior vai ser o sofrimento desta criança, trazendo consequências para a vida adulta”. (*Com informações do cmais.com.br)

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