Pesquisa aponta que homens brasileiros têm mais infecções do que mexicanos ou norte-americanos.
Uma pesquisa em andamento há 11 anos com mais de quatro mil voluntários do Brasil, Estados Unidos e México revelou como o papilomavírus humano (HPV) atua no organismo masculino. De acordo com o estudo Human Papillomavirus Infection in Men (HIM), homens de 18 a 70 anos de idade apresentam infecções pelo vírus na região genital com frequências elevadas e constantes ao longo da vida.
Os tipos de HPV mais frequentemente encontrados até o momento nos homens foram o HPV 6 (associado à maioria das verrugas genitais) e o HPV 16 (associado a uma proporção significativa de tumores de pênis, ânus e suas lesões precursoras). É importante notar que o Brasil foi o País que registrou as maiores taxas de infecção por HPVs de baixo e alto risco oncogênico.
Segundo Luísa Lina Villa, pesquisadora líder do estudo no Brasil, “o HIM é a maior investigação sobre a história natural das infecções por HPV em andamento desde 2005 e reafirma a importância da inclusão da vacina contra esse vírus no sistema público de saúde também para homens, para preveni-los das infecções e doenças causadas por diversos tipos de HPV”.
Em torno de 5% dos homens que têm infecções por HPV desenvolvem verrugas genitais. Isso ocorre em todas as faixas etárias, sendo mais frequente nos mais jovens (18 a 30 anos de idade). Em geral, esse grupo tem múltiplas parceiras ou parceiros sexuais, e não está em relacionamentos estáveis. O estudo também aponta que a incidência do câncer de pênis é três vezes maior em homens brasileiros do que norte-americanos, por exemplo. “Há diversos fatores para que isso aconteça, estando entre eles as elevadas taxas de infecção por HPV, hábitos sexuais, a falta de circuncisão, higiene e, principalmente, o acesso restrito à saúde pública”, esclarece Luísa Villa.
O estudo HIM vem revelando, desde 2005, quando a pesquisa teve início, que a maioria dos tipos de HPV encontrados em verrugas genitais em homens brasileiros, americanos e mexicanos são preveníveis por meio da vacinação, atualmente disponibilizada gratuitamente pelo Programa Nacional de Imunizações no Brasil para meninas de 9 a 13 anos e de 9 a 26 anos vivendo com HIV. A partir de 2017, meninos de 12 a 13 anos também poderão se vacinar gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como anunciado pelo Ministério da Saúde no dia 11 de outubro.