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Francisco Beltrão
quinta-feira, 05 de junho de 2025

Edição 8.220

06/06/2025

”Sentimos a necessidade de salvar uma vida ou mais”, diz pai de jovem vítima de acidente

Saúde


Na manhã de ontem, 5, três médicos do Uopeccan (Hospital do Câncer de Cascavel) fizeram captação de órgãos no Hospital Regional de Francisco Beltrão. Eles chegaram na tarde de quarta-feira, 4, pernoitaram na cidade e na manhã de quinta, às 6h15, já estavam na sala de cirurgia; às 8h40, o procedimento estava finalizado. Eles retiraram fígado, um rim e córneas de Alisson dos Santos, 24 anos, que teve morte cerebral. Os órgãos seguiram para Cascavel para receptores. O Jornal de Beltrão conversou com a família do jovem, que falou como foi o processo de decisão e a importância da doação de órgãos para salvar mais vidas.

O rapaz foi vítima de acidente de trânsito e estava internado no Hospital Regional, em Francisco Beltrão, desde a noite do sábado, 31. Ele se envolveu em um acidente na PR-182, no trevo de acesso a Santa Izabel do Oeste, com uma moto que colidiu com uma caminhonete Ford Ranger. O corpo dele foi velado ontem na capela mortuária de Ampere e o sepultamento está previsto para hoje.

Antônio Valdecir dos Santos, pai de Alisson, falou da perda irreparável de seu filho mais velho. “Eu digo assim, que nem eu falei pra um amigo meu esses tempos atrás, não tem palavras que console e conforte o coração de um pai e uma mãe num momento como este. É difícil até para gente falar, mas aí, a gente tem que encarar, tem que ser forte, tem que ver a realidade dos acontecimentos e saber que dessa vida todos nós vamos partir e não tem o que nós podemos fazer.”

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Ele contou que a decisão pela doação dos órgãos do filho foi difícil, mas tomada conscientemente por ele e pela mãe de Alisson (Giane Maria Riewe). O casal é separado, Antônio mora em Ampere e a ex-mulher em Caxias do Sul (RS). “Eu conversei com os médicos, eles falaram para mim ‘não tem mais o que fazer’, se tivesse um fio de cabelo de chance de ele sobreviver, os médicos iam lutar e iam fazer. Então, eu sentei e conversei com ela, eu já tinha meio em mente [a doação], mas pedi primeiro a opinião dela, se ela tinha a intenção ou não, então nós chegamos num consenso pela doação.”

Antônio acredita que o filho também gostaria que esta decisão fosse tomada pela família. Ele conta que o filho era um jovem cheio de vida, brincalhão e que tinha muitos amigos. “Não vamos saber para quem vai [os órgãos], mas a gente tem a certeza que vamos estar salvando uma vida ou mais. Então, eu e a mãe dele sentimos a necessidade nesse momento, por mais da dor da perda, de pensar no próximo. De saber que a gente tá salvando vidas e nós acreditamos que essa seria a vontade dele também, porque ele sempre foi uma pessoa de ajudar, de fazer o bem pelos outros, ele não se preocupava com ele, ele se preocupava com os outros. Então, ele não tinha maldade no coração.”

 

Alisson dos Santos, 24 anos.

Menos da metade das notificações se tornam doações efetivas

JdeB – Neste ano, no Paraná, até setembro, já ocorreram 855 notificações para possível captação de órgãos, dos quais 386 tiveram autorização da família e 361 se tornaram doações efetivas. Na regional de Cascavel, que abrange as regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, foram 146 notificações no período e 65 doações efetivas. No Hospital Regional de Francisco Beltrão, no mesmo período, ocorreram 6 notificações no decorrer do ano, com quatro doadores elegíveis, contudo, dois apresentaram contraindicações e dois recusa familiar antes de finalizar o processo. No Hospital São Francisco ocorreram 10 notificações, com 7 doadores elegíveis, dos quais seis tiveram autorização familiar, três tiveram contraindicações.

A enfermeira Maria Helena Werlang, que trabalha no Hospital Regional, diz que é preciso cumprir um protocolo rigoroso. Nem todas as famílias autorizam a doação e há muitos casos de contraindicação clínica, por isso não há 100% de aproveitamento. Sobre a captação de ontem, os órgãos foram devidamente embalados e protegidos com a quantidade de gelo recomendada e seguiram imediatamente para Cascavel para procedimento de transplante.

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