Hoje, 29 de agosto, é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data escolhida pelo Ministério da Saúde para reforçar as ações de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Neste ano, o tema escolhido foi o narguilé, cachimbo de água de origem oriental utilizado para fumar produtos do tabaco ao qual se adicionam aromatizantes e flavorizantes (que conferem aroma e sabor agradáveis ao tabaco). O consumo deste tipo de produto, de acordo com dados do ministério, vem aumentando principalmente entre jovens. O principal alerta feito por especialistas é a aparência inofensiva e o aspecto social do narguilé, que pode ser utilizado por várias pessoas ao mesmo tempo e é frequente em rodas de amigos. “É mais um método de administração da nicotina e do tabaco super prejudicial à saúde. Uma sessão da narguilé, dependendo da carga e do ambiente, pode equivaler a quase 100 cigarros. O narguilé faz mal pro individuo que fuma e para quem fica ao redor por causa da fumaça, que também é prejudicial”, alerta o pneumologista Redimir Goya, coordenador do ambulatório do fumo em Francisco Beltrão. Defendido por usuários, o narguilé pode servir como entrada para o consumo do cigarro – o que geralmente acontece entre os 13 e 25 anos. Em Cine Debate organizado pelos cursos de Medicina e Nutrição da Unioeste, com a participação da 8ª Regional de Saúde e secretarias de Saúde de municípios da região, o médico Roberto Yamada, coordenador do curso de Medicina, advertiu para a iniciação ao fumo que é proporcionada pelo uso do cachimbo.”O pior de tudo é que ele incentiva o pessoal novo, abaixo de 18 anos, a usar. Eles podem usar com substâncias aromatizadas que tiram o sabor desagradável do tabaco, o que facilita a ingestão”, afirma Yamada. Segundo Goya, até recentemente a Sociedade Brasileira de Pneumologia tinha dúvidas sobre o potencial viciante das “essências” consumidas junto ao narguilé. Goya lembra ainda da “ignorância com relação aos malefícios do tabagismo na década de 1970” e diz que hoje em dia é que “estamos colhendo os resultados” daquela ignorância. “Embora tenha reduzido o número de fumantes, no Brasil ainda se fuma muito. E, infelizmente, estamos na época de colher os malefícios de cigarro. O pessoal que começou a fumar em 1960 e em 1970 está vendo agora os malefícios que o cigarro causa. A diminuição do cigarro hoje vai refletir na saúde daqui algumas décadas, isso que é importante”, projeta. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), se usado em longo prazo, assim como todos os produtos de tabaco fumados, o narguilé causa câncer de pulmão, boca e bexiga, estreitamento das artérias e doenças respiratórias. Além disso, ao compartilhar o narguilé com outros usuários, o fumante pode ficar exposto ao vírus do herpes, a outras a doenças da boca, à hepatite C e à tuberculose.
