Esse descuido preocupa as autoridades sanitárias, porque somente a primeira dose não garante a imunidade contra o vírus.
Terça-feira, numa conversa com jornalistas em Brasília, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que cerca de um milhão e meio de brasileiros deixaram de tomar a segunda dose da vacina contra a Covid.
A reportagem da Folhapress questionou os números e, segundo suas contas, seriam 500 mil e não um milhão meio. Ainda assim é um número alto, considerando que até agora somente 20 milhões (10% da população) foram vacinados com a primeira dose. E perto de 10% estariam ficando sem a segunda dose.
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Na nossa região não há números oficiais nem apurados pela reportagem. Há informação das equipes municipais de saúde que também mostram preocupação com esse descuido das pessoas que atrasam ou deixam de tomar a segunda dose. No programa Sete e Meia da Rádio Educadora de Dois Vizinhos, ao ser perguntada por Jair Bonato se alguém está deixando de tomar a segunda dose, a gestora (secretária) de Saúde de Dois Vizinhos respondeu: “Sim, inclusive muitas pessoas estão deixando ou atrasando muito e, também, a gente estimula o prazo de 25 dias da Butantan e de três meses da Fio Cruz, então tem que seguir, não pode passar muito tempo, não pode vir antes, mas também não pode vir muito tempo depois”.
A mesma pergunta foi feita ao secretário de Saúde de Francisco Beltrão, Manoel Brezolin, e ele respondeu que “esses dados são bastante difíceis para levantar com precisão”, mas, embora calcule que a situação aqui não seja tão grave, ele não esconde sua preocupação com as pessoas que não estão mostrando muito interesse com a segunda dose da vacina.Segundo Brezolin, é preciso considerar que algumas pessoas desses grupos já vacinados tiveram suspeita de Covid e aí precisam esperar mais dias para tomar a vacina.
“Além disso, teria que separar, porque nós temos a vacina Coronavac que é com 25 dias (intervalo da primeira para a segunda dose) e a AstraZeneca que é com três meses”.Brezolin também informa que na próxima semana poderá ser feita uma avaliação neste sentido, porque serão vacinadas mais pessoas. Depois que veio a decisão de não segurar a segunda dose, mas usar todas as vacinas, o número de pessoas vacinadas aumentou. “Para fazer uma avaliação melhor teria que ser a partir da semana que vem, porque até aqui é baixo, no nosso município, o número de pessoas que estavam em condições de fazer a segunda dose e não fizeram”, concluiu Brezolin.
Mesmo que o prazo tenha passado, as pessoas ainda devem tomar a segunda dose
Segundo a coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações), Francieli Fontana, a orientação é que mesmo aqueles que já passaram do prazo para receber a segunda dose ainda busquem a vacinação, sob risco de comprometer a proteção caso não o fizerem.“Fizemos uma análise para entender as pessoas que deveriam ter completado o esquema vacinal. Mesmo que vença o prazo, a orientação é que completem o esquema. Quem atrasou e não conseguiu ir com 28 dias [da segunda dose da Coronavac] ou 84 dias da AstraZeneca deve comparecer [às salas de vacinação].”Segundo ela, o balanço considerou essas datas para chegar ao número daqueles que ainda estão sem a segunda dose
Números diferentes
A conta do governo é diferente da levantada por reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo apontou que ao menos 500 mil pessoas ainda não tinham recebido a segunda dose.Isso ocorre porque a reportagem, além de considerar apenas os dados da Coronavac porque o intervalo exigido para a vacina da AstraZeneca só será atingido a partir do fim deste mês, levou em conta, além dos 28 dias previstos para a segunda inoculação, um intervalo de tolerância de até 15 dias de atraso para completar a imunização, totalizando 43 dias – o governo, por sua vez, considerou rigidamente a data prevista de aplicação e observou quem cumpriu os 28 dias.Logo, de acordo com o Ministério, os dados envolvem todos aqueles que deveriam ter tomado a segunda dose, mas ainda não o fizeram.
