Conheça as histórias de dois homens que estão vencendo o câncer com informação e diagnóstico precoce.

Em dezembro de 2014, L. C. S., hoje com 63 anos, sentiu dificuldades para urinar por conta de um problema de incontinência urinária. Fez tratamento com remédios, porém não teve uma melhora significativa. Os níveis de PSA (antígeno prostático específico) variavam para cima e para baixo a cada exame, mas eram inconclusivos. ”Em maio de 2015, fiz mais uma bateria de exames e meu urologista optou por fazer uma biópsia. De 14 ”tomadinhas” feitas na minha próstata, uma tinha sinal de câncer”, relata ele, que desde 2012 faz regularmente os exames preventivos.
O câncer de próstata é a forma mais comum de câncer ” excluindo-se tumores de pele não melanoma ? em homens e a segunda maior causa de mortalidade por câncer na população masculina. Estudo realizado este ano pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontou que a doença tem estimativa de 69 mil novos casos ao ano, ou seja, 7,8 novos casos a cada hora. No entanto, 51% dos homens nunca consultaram um urologista. A doença não tem prevenção, entretanto, seu diagnóstico precoce, como foi o caso de L.S., é essencial para o tratamento curativo.
?Pessoas negras e quem tem familiares de primeiro grau que tiveram a doença devem procurar um urologista para iniciar seus exames a partir dos 45 anos. O exame da próstata consiste no toque retal e na dosagem sérica do PSA no sangue e, quando feitos nessa faixa etária, estão relacionados à diminuição de cerca de 21% na mortalidade pela doença, segundo estudos de grande porte e longo seguimento?, salienta o urologista dr. Luís Fernando Dip.
Além do PSA e toque, o diagnóstico é confirmado pela biópsia da próstata
Segundo dr. Dip, inúmeros pacientes atendidos diariamente em seu consultório são completamente assintomáticos. O diagnóstico, além do PSA e toque, é confirmado pela biópsia da próstata. A. L., por exemplo, sempre levou uma vida regrada, sem consumo de bebidas e cigarro, praticando esportes e sem problemas de saúde. ?Quando falavam em exame de próstata, não levava muito em conta, tinha preconceito e não tinha vontade alguma em realizá-lo, pois não era muito de acordo com consultas médicas sem apresentar algum sintoma pontual?, admite, ao 64 anos de idade.
Aos 50 anos, por insistência da esposa, A.L. fez o primeiro exame clínico de próstata. A partir de 2004, a cada dois ou três anos, testava o PSA com resultados sempre em crescimento lento. ?Em 2013 foi verificada a alteração do PSA para 4,8, sendo que refeito o exame, após dois meses, já apresentava 5,3. O urologista não constatou nada de anormal na próstata, porém, por sugestão dele, foi feita uma biópsia em laboratório de Cascavel, onde nada foi constatado. Ainda com dúvidas, o médico enviou material a um laboratório de São Paulo, sendo confirmado câncer em fase inicial e moderada?, conta A.L., paciente do dr. Dip assim como L. C. S..
O urologista é o profissional médico capaz de diagnosticar e tratar a doença, muitas vezes auxiliado pelo oncologista e pelo radioterapeuta. ?Durante a minha formação como urologista, tive a oportunidade de conviver e aprender com dois dos mais gabaritados profissionais em cirurgia de próstata, o dr. Miguel Srougi (do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo) e o dr. Vipul Patel (do Florida Hospital Celebration Health), e hoje instituímos uma rotina especializada para diagnóstico, tratamento e seguimento dos doentes com câncer de próstata ? seja no ambiente privado ou público ?, conseguindo oferecer uma maior possibilidade de cura a este grande vilão do homem?, ratifica dr. Dip, membro da SBU e da Associação Americana de Urologia (AUA).
Como saber qual é a potencialidade do tumor
Atualmente, o desafio do diagnóstico exige distinguir precocemente o paciente cujo tumor tem maior potencial de agressividade, permitindo que o tratamento específico seja oportuno, necessário e com baixa taxa de morbidade, além de aumentar, com qualidade, a expectativa de vida dos pacientes.
Os tratamentos mais comuns, segundo dr. Dip, são a cirurgia (prostatectomia radical) e a radioterapia. ?A cirurgia tem mais espaço no mundo todo, pois permite a retirada de toda a glândula e das vesículas seminais, passa maior segurança ao paciente e ao urologista, zera o PSA em torno de 30 a 60 dias ? este é o primeiro critério de cura ? e permite a realização da radioterapia se a doença recidivar. Impotência e incontinência urinária são complicações inerentes a ambos os tratamentos, além de riscos inerentes ao ato cirúrgico?, acrescenta.
Para L. S., a falta de consciência quanto à prevenção pode custar muito caro. ?Ainda há um tabu muito grande, mas o homem que passou dos 50 anos precisa fazer o preventivo naturalmente. É muito cômodo você dizer ah, eu não tenho nada, mas nós não sabemos o que está desenvolvendo dentro da gente, então a falta de informação acaba levando para um preconceito muito grande?, afirma.
A. L. também celebra ao constatar a proximidade da cura à saúde perfeita. ?Diria aos homens, que geralmente teimam em realizar o exame, que não desperdicem a oportunidade da boa saúde que a medicina atualmente proporciona. O câncer de próstata tem cura, mas para isso devemos fazer exames periódicos, sem preconceitos. Quando no início é fácil tratar. Não facilite com a vida, pois ela é o bem mais precioso que temos.?
Fatores de risco do câncer de próstata
Idade (cerca de 62% dos casos são em homens a partir dos 65 anos)
Histórico familiar
Raça (maior incidência entre os negros)
Alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos
Sedentarismo e obesidade
Tabagismo
Sintomas (casos avançados)
Vontade de urinar com urgência
Dificuldade para urinar
Levantar-se várias vezes à noite para urinar
Dor óssea ou dores fortes no corpo
Comprometimento do estado geral
Insuficiência renal
(Os três primeiros sintomas são comuns no paciente com hiperplasia prostática, condição benigna de aumento do volume da próstata)
Recomendações
Não aguarde os sintomas aparecerem, pois o câncer de próstata usualmente é assintomático
Realizar toque retal e PSA após 45 a 50 anos de idade, considerando antecipar quando existirem fatores de risco
Tenha um urologista de sua confiança, que acompanhe os resultados do seu PSA
Ultrassom transretal não é utilizado de rotina (mas sim para guiar a biópsia) e não substitui o exame do toque
A biópsia de próstata confirma o diagnóstico, e, de preferência, deve ser realizada pelo urologista, o qual está habituado e capacitado a fazê-la e tratar suas complicações
Antes de iniciar o tratamento, é necessário definir o estadiamento da doença por meio de uma classificação oncológica (TNM)
Não deixe o preconceito vencer a doença