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Francisco Beltrão
segunda-feira, 26 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Nos números, mulheres são mais frágeis que os homens ao receber a picada do Aedes aegypti

Nos últimos oito anos, 53% dos casos notificados foram do sexo feminino contra 47% do masculino; entre os que contraíram a doença, diferença aumenta para 58% a 42%.

 

 

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Ao menos histórica e estatisticamente, as mulheres são mais frágeis que os homens na hora de contrair o vírus da dengue. De acordo com dados disponibilizados pela 8ª Regional de Saúde, na microrregião de Francisco Beltrão, entre 2007 e junho de 2015, foram notificados 8.208 casos da doença. Desses, 4.330 (52,75%) foram do sexo feminino, contra 3.877 (47,25%) do sexo masculino.
Mas, na hora de ficar de fato doente, elas parecem ser mais suscetíveis ao vírus. No mesmo período, a doença foi diagnosticada 2.667 vezes, 1.558 (58,3%) nelas e 1.109 (41,7%) neles. Segundo Benvenuto Juliano Gazzi, chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da 8ª RS, não há estudos que apontem uma imunidade mais baixa na mulher, mas os costumes podem explicar o número maior de diagnósticos femininos.
“A mulher costuma usar uma roupa mais curta no dia a dia, uma saia para trabalhar, deixa os braços e pernas mais à mostra que o homem, e isso favorece a ação do mosquito da dengue, que inclusive pode picá-la mais de uma vez”, comenta Juliano. “Isso não quer dizer que o mosquito tenha uma preferência, talvez possa ser porque geralmente as mulheres ficam mais tempo nas residências e então tenham mais contato com o mosquito, mas ainda não é nada comprovado”, completou.
Para Juliano, os números da dengue refletem a curva demográfica brasileira. Conforme dados do Censo 2010 do IBGE, a população na microrregião era de 169.262 mulheres e 168.441 homens, o equivalente a 50,12% e 49,88%, respectivamente. “Acompanhando essa informação estatística é que você poderá estar fazendo um trabalho específico, direcionado para aquele gênero ou classe.”

Notificados têm de 20 a 34 anos
A premissa também vale para a faixa-etária. Entre 2007 e 2015, a maioria dos casos investigados (3.445) ficou na faixa dos 20 aos 34 anos, seguido dos adultos de 35 a 49 anos (2.583 notificações). Os dados disponibilizados pela 8ª RS também mostram que foram notificados mais casos entre jovens de 0 a 19 anos (2.983 casos) que entre adultos acima de 50 anos (2.357).
Outro dado interessante é o de que Dois Vizinhos, em função da epidemia vivenciada neste ano, ultrapassou Francisco Beltrão em número de casos suspeitos de dengue, mesmo com menos metade da população do município vizinho. Até junto foram 3.301 notificações duovizinhenses contra 2.665 beltronenses.

Risco de dengue grave

O avanço da infestação e diminuição dos períodos de dengue, como mostrado no JdeB no último domingo, acenderam a luz amarela entre os vigilantes epidemiológicos da região. “Estamos muito preocupados com isso. Alguns estudos apontam que quando você pega a dengue tipo 4 depois de ter pego dengue 2 ou 1 tende a evoluir pra dengue grave ou hemorrágica. A sorte nossa é que a dengue 4 circulou em vários municípios da nossa região como a primeira vez que as pessoas pegaram dengue, então ninguém ainda tinha pego ainda. Mas o que circulou mais na nossa região aqui foram os tipos 1 e 2”, sublinha Juliano.
Realeza e Planalto então entre os municípios que vêm sendo vigiados de perto. O primeiro passou por surto epidêmico em 2009, epidemia em 2010 – com 308 casos confirmados (2.070 casos para cada 100 mil habitantes) – outro surto epidêmico em 2011 e nova epidemia em 2013.
“A chance de ter pessoas sensibilizadas, que pegaram já um ou dois subtipos, e possam pegar outro subtipo e evoluir pra uma situação de dengue grave é maior”, admite Juliano. “Mas pode não acontecer também, eu já conheci uma pessoa que pegou três dengues e teve três dengues normais, nunca evoluiu pra uma dengue grave, não é uma regra”, ponderou.
A primeira cidade da microrregião a registar epidemia com casos de dengue autóctone foi Pranchita, em 2007. Depois de Realeza em 2009, no entanto, os casos nativos da doença vem se alastrando pela região. Em 2015 já são 14 os municípios com registro de dengue autóctone entre os 27 que compõem a 8ª Regional de Saúde.

 

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