Os animais positivos precisam ser sacrificados, pois não tem cura.

Zola, a gata de Jane Figueira, foi encontrada com um morcego na boca; fica o alerta sobre o perigo da raiva. A gata chegou a ser mordida pelo morcego? Quem responde é o veterinário José Carlos Zanella, da Planeta Bicho, que fez o atendimento do animal: “Se o morcego estivesse vivo na hora em que foi capturado pela gatinha, certamente ele morderia, pra se defender. É difícil saber se esse morcego já estava morto e a gata pegou; mas, um detalhe, dificilmente a gata captura o rato morto, então eu acho que tem grande probabilidade de ele ter capturado esse morcego vivo e esse morcego ter mordido, aí precisamos saber se o morcego é portador ou não do vírus. Foi encaminhado material para verificar isso; a gata já estava com a primeira dose da vacina e foi feito um reforço.”O índice de vacinação de gatos é mais baixo do que em relação a cachorros. Segundo Zanella, que está cursando especialização em felinos, isso acontece por dois motivos: por economia e por achar que o gato não oferece risco de contaminação, o que não é verdade. “Acredita-se que, no Brasil, entre 40% e 60% dos gatos não recebem nenhum tipo de vacina. Há muitas pessoas que acham que gato não precisa vacinar.”Além disso, há riscos de contaminação de pessoas. De acordo com o veterinário, se o morcego é positivo, pode proliferar a doença para o gato, mas, muitas vezes, o gato, antes de manifestar a doença clinicamente, já é portador do vírus, e se nesse momento se houver contato com humanos, com feridas, mordidas e secreções, pode ocorrer a transmissão.
A recomendação é vacinar
Zanella recomenda que o animal seja vacinado, independentemente se o gato vai sair ou não para a rua ou se mora em apartamento, porque há o risco de o morcego entrar e mordê-lo. “A vacina tem um custo barato comparado ao risco de uma doença que não tem volta, infelizmente é uma doença 100% letal.” Infelizmente, os animais positivos são sacrificados, pois não tem cura, inclusive no caso de pessoas, que, se sobreviverem, ficarão com sérios comprometimentos. Ele comenta ainda que essa doença volta a ter repercussão no Brasil, porque há sérios problemas no Norte, região do Pará, aonde algumas comunidades começaram a ter pessoas contaminadas com o vírus da raiva. “Foi registrada a morte de quatro crianças e uma positiva no hospital, que deve vir a óbito, tem mais oito ou dez suspeitos, me parece que nessa região houve um desequilíbrio ambiental, com a proliferação dos morcegos hematófagos. Esses morcegos vêm à noite. Os ribeirinhos, que moram em casas de baixo padrão, dormem em redes, sem proteção. Esses morcegos acabam vindo morder essas crianças e eles são portadores do vírus e aí acabam contaminando.”Zanella destaca que os morcegos encontrados na região não são hematófagos, mas sim frutíferos, que se alimentam de frutas e insetos e que estão na cidade em função do desiquilíbrio também, o risco é que podem desenvolver a doença e transmiti-la. Zola, por exemplo, levou o morcego como se fosse troféu, uma característica dos gatos.