Saúde
Durante a infância, a ingestão de produtos contendo soda cáustica ocorre de forma acidental, diferente do adulto, em que, na maioria dos casos, ocorre de forma intencional, em grande quantidade, na tentativa de autoextermínio, que pode levar à morte decorrente das graves lesões de necrose, perfuração e infecção generalizada.
Quando o paciente sobrevive, as sequelas provocadas pela soda cáustica provocam danos irreversíveis, modificando a qualidade de vida e chance três mil vezes maior de câncer de esôfago, em relação à população em geral.
Essa triste realidade vem aumentado consideravelmente e o suporte rápido à vida é fundamental para a sobrevivência, mas não para evitar suas sequelas e sintomas permanentemente incapacitantes. As lesões provocadas ocorrem por anos até a cicatrização do esôfago, ocasionando estenoses (diminuição do calibre do órgão) laringo-esofágico, levando a dificuldades respiratórias, dificuldade de ingestão alimentar para sólidos e até líquidos, perda de peso e desnutrição.
O tratamento consiste basicamente em alívio dos sintomas, como as dilatações endoscópicas do esôfago durante toda a vida e, em casos mais graves, realização de cirurgias de grande porte, uso de traqueostomia para garantir a via respiratória e alimentação por sondas colocadas diretamente no estômago e intestino (gastro/jejunostomias), além de equipe multidisciplinar (suporte nutricional, psicológico, acompanhamento com otorrinolaringologista, gastroenterologista e endoscopista).
Deve-se, inicialmente, evitar provocar o vômito para não expor novamente o trato gastrointestinal ao ácido, evitar neutralizá-lo com ingestão de outros líquidos (água, leite…) e procurar o mais breve possível atendimento médico.
Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio.
Dra. Rita Lima
Gastroenterologia Clínica e Cirúrgica – Chefe do serviço de Endoscopia do Hospital Regional de Francisco Beltrão.