Saúde
Ivo Antônio Strucker tinha 1 ano e 8 meses quando foi diagnosticado com poliomielite. Os 35 dias que passou internado num hospital na cidade de Horizontina, no interior do Rio Grande do Sul, salvaram sua vida, mas deixaram uma sequela que, aos 61 anos, se agrava devido à idade e que é irreversível. “Eu tenho uma perna mais fina que a outra e um braço mais fino que o outro, mais fraco também. Precisei aprender a caminhar de novo. E é difícil conviver. Não sinto dor, não estou sofrendo, mas tudo é limitado”, conta.
Strucker vive no interior da cidade de Pranchita com a esposa. Mudou-se para a cidade paranaense aos 16 anos, quando deixou o interior do Rio Grande do Sul, onde morava com os pais, para viver com os avós.
Ele não se lembra daqueles dias difíceis da infância e relata o que disse ter ouvido de sua mãe, que hoje mora em Santa Catarina. Na época, conta, não havia vacina e as limitações para uma família que vivia no interior eram imensas. “Quase não tínhamos recursos e era difícil. Tinha um hospital na cidadezinha onde o doutor fez o que pôde. Minha mãe conta que me parou uma parte do pulmão e que eu fiquei mal demais. Acharam que eu não ia se salvar”.
Impactos
Após aqueles 35 dias e a melhora, Strucker passou a conviver com as irreversíveis sequelas que atingiram a parte motora do seu corpo. Foi aos quatro anos quando voltou a caminhar e, no decorrer da vida, se viu com sonhos interrompidos e sem oportunidades no mercado de trabalho.

Seu desejo era trabalhar com grandes caminhões. Embora consiga dirigir, diz ser incapaz de arrumar uma lona ou fazer os outros serviços exigidos da profissão. A própria carteira trabalhista também nunca foi assinada. “Dirigir um caminhão, um ônibus, trabalhar de carpinteiro, pedreiro, nada disso eu pude fazer. Tive que me sustentar e trabalhar em mercado, essas coisas. Trabalhei só com minha família. Ninguém me dava um serviço”, lamenta.
Vacina
Strucker manteve sua vida para além da doença. Mas por ter sentido ela na pele e saber dos impactos, tornou-se um defensor da vacinação – hoje largamente difundida e feita de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Seu casal de filhos e os netos foram submetidos a ela e, com a campanha de vacinação que acontecerá neste sábado, ele apela: “Levem a sério. É uma doença muito difícil. Porque ela é uma doença que atinge o sistema nervoso e impede o crescimento. Se não mata deixa sequelas. E para as sequelas não existe remédio. Por isso vacinem seus filhos.”
O Dia D das campanhas de vacinação contra a paralisia infantil e de multivacinação acontece neste sábado, 16, com vacinas que contemplam todo o calendário básico de vacinação.
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