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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Projeto criado por psicólogos oferece atendimento gratuito a pessoas de baixa renda

Psicologia Social nasceu em meio à pandemia e hoje estendeu o atendimento a pessoas vítimas de violência doméstica e dependência química.

Confira o perfil do projeto no instagram

Assim que o telefone foi atendido, Marister Sabadin disse com voz tranquila: “Vamos começar a aventura que é se conhecer?”.

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Psicóloga, ela e outros 15 profissionais do Sudoeste do Paraná mantêm desde o início da pandemia, no ano passado, um projeto que leva atendimento psicológico profissional a pessoas com baixa renda.

Devido ao isolamento, é pelo telefone que ela se conecta com os pacientes e faz do aparelho tecnológico, uma forma de ajudar pessoas.Desde o início do projeto, dezenas de pessoas já foram ajudadas, inclusive brasileiros fora do País, isolados devido à pandemia.

Segundo Ana Caroline Felske, outra psicóloga participante do projeto, foi a identificação dos impactos causados pela nova rotina imposta pelo coronavírus que acendeu a necessidade de levar esse serviço a várias pessoas. 

“O início do projeto surgiu com a percepção do agravamento do isolamento social, visto que muitas pessoas não estavam preparadas para conciliar tantas coisas ao mesmo tempo, como: trabalho home office, família, filhos, marido e também algumas lidarem com familiares contaminados com o vírus”, disse Ana.

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“Esse projeto é além de levar a psicologia às pessoas que precisam de atendimento, mas também mostrar à população o quão necessário e essencial é nosso trabalho.”

Desde então, os atendimentos passaram a ser divulgados e realizados de forma on-line, através de celulares ou aplicativos de conversa utilizados no computador como Zoom e Google Meet.

Cada atendimento dura cerca de 50 minutos e cada psicólogo dedica parte do seu tempo diário para isso.Ana não mensura quantas pessoas já foram ajudadas, uma vez que cada profissional faz seu próprio controle.

Mas, de acordo com ela, desde outubro e diante da queda dos casos de Covid-19, os atendimentos foram ampliados e estendidos às pessoas em relacionamentos abusivos, violência doméstica e dependentes químicos.

A prioridade dos atendimentos é para pessoas que possuem baixa renda – nesses casos, os valores dos atendimentos baseiam-se na renda da pessoa. Para quem possui cadastros do governo como CADÚnico, os atendimentos são gratuitos.

 Segundo Marister, em casos de identificação de potenciais casos graves, também são feitos alertas e recomendações para, eventualmente, buscar um acompanhamento psiquiátrico. Tudo isso feito de uma maneira responsável e com todos os critérios éticos que envolvem a profissão.

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Alerta para ansiedadeEntre os casos que passam pelos psicólogos, a ansiedade é um dos mais presentes. De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nos meses de maio, junho e julho do ano passado, 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa na pandemia do coronavírus. 

A pesquisa também mostrou que 65% dos entrevistados têm sentimento de raiva; 63% sintomas somáticos, que podem ser sensação de dor, mal-estar gástrico, qualquer coisa orgânica resultante de um quadro de ansiedade; e 50% tiveram alteração do sono.

Ana reconhece quadros semelhantes em diversos pacientes atendidos. “A pandemia trouxe diversos prejuízos em relação à saúde mental da população. Seja por terem que lidar com algo novo, que muita gente não havia nem conhecimento, seja por perderem entes queridos de forma repentina, seja pela sobrecarga de trabalho, seja por terem que lidar com muita coisa ao mesmo tempo – casa, trabalho, filhos – e desemprego. Já há estudos que mostram um aumento significativo em relação a crises de ansiedade devido a esse período de pandemia. Em relação ao suicídio houve alguns casos em que essa demanda apareceu”, aponta. 

Para ela, o acompanhamento psicológico é uma alternativa para lidar com estes “incômodos” do dia a dia e reestabelecer a paz. Os próprios terapeutas fazem acompanhamento, pois como as outras pessoas, também foram afetados por uma nova rotina imposta pela pandemia, além dos problemas pessoais. 

“Uma pessoa precisa de acompanhamento psicológico quando algo não está no lugar que deveria. Ou seja, quando a pessoa se sente incomodada com algo, isso pode ser desde um transtorno psicológico por exemplo, aonde ela precisa aprender a lidar com essa situação, até questões mais pontuais como aprender a lidar com o trabalho home office. Nenhum processo de psicoterapia depende somente do psicólogo, para que o processo seja eficaz o cliente também deve fazer sua parte. Logo, qualquer pessoa com o desejo de alguma mudança pode buscar ajuda psicológica para seus problemas” conclui Ana.

 

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