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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Síndrome de Burnout: É preciso tratar o indivíduo e o local de trabalho

Professores de ensino médio são os mais atingidos atualmente, segundo dr. Cícero Lima, psiquiatra.

Dr. Cícero Lima, psiquiatra: Importante tratar a causa e a consequência.

Um esgotamento profissional. A síndrome de Burnout resulta de uma exaustão extrema diretamente relacionada ao trabalho. “Resulta de uma tensão que vai se desenvolvendo no trabalho; a relação positiva que você tinha no seu emprego passa a ser negativa”, explica dr. Cícero Lima, psiquiatra. É um estresse desenvolvido no ambiente de trabalho devido às exigências; o que era prazeroso torna-se uma aversão, causando um esgotamento físico e mental.

De acordo com dr. Cícero, há uma tríade de sintomas que caracterizam o Burnout: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. Na exaustão emocional, a pessoa começa a desenvolver uma fadiga intensa, não tem mais forças para enfrentar o dia a dia e apresenta uma sensação de estar no seu limite emocional. Na despersonalização, a principal característica é um distanciamento emocional em relação ao trabalho, uma indiferença ao trabalho e aos colegas.

Na diminuição da realização pessoal, o trabalhador não vê mais perspectiva, fica sem planos, sem sonhos, com uma frustação com o trabalho, uma sensação de incompetência e de fracasso. “Aquilo que a pessoa tinha como realização pessoal agora acha que é um completo fracasso. Essa tríade é essencial para pessoa ser diagnosticada com Burnout.”

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A pessoa pode também desencadear outras doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade. “As causas tanto são organizacionais no emprego, como o tipo de trabalho que a pessoa desempenha, bem como é a sua personalidade, de como ela enfrenta essas situações, sua história pessoal. Por exemplo, tem pessoas com um envolvimento emocional muito grande com o trabalho, então larga a família e a diversão, sua vida é seu trabalho. São pessoas mais predisponentes, bem como aquelas que têm uma personalidade mais rígida, são inflexíveis, não se moldam à novas situações, são mais predisponentes ao Burnout.”

Dr. Cícero ressalta que, primeiramente, é preciso identificar nas empresas quais são os pontos negativos que levam ao adoecimento, por exemplo, se a jornada é excessiva, se os empregados não são bem remunerados, como é o clima entre a equipe. É uma doença comum entre policiais militares, médicos emergencistas, enfermeiros, profissionais de saúde que trabalham na linha de frente da Covid. “Muitas vezes trabalham naquela sobrecarga, a pessoa que antes amava a profissão de repente se decepciona, porque é um trabalho excessivo.”

Preocupação com professores
Atualmente, professores do ensino médio fazem parte da classe que mais tem desenvolvido Burnout. “Há 30 anos era impensável você dizer que um professor de ensino médio teria Burnout, porque sempre foi mais relacionada a policiais militares; soldados das Forças Armadas, que vão à guerra; médicos; enfermeiros; essas profissões mais de risco. Não se imaginaria que professores teriam Burnout.”

O tratamento deve iniciar com psicoterapia e, se precisar de medicamento, também o acompanhamento psiquiátrico, uma vez que pode desencadear outras doenças. “A pessoa pode não desenvolver depressão mas, muitas vezes, tem insônia, perda de apetite, algumas alterações no corpo que podem precisar de uma ajuda médica, mas não adianta tratar o indivíduo se a gente não tratar a fonte.” Dr. Cícero destaca a importância de tratar o local gerador de estresse, senão “a gente vai tratar a consequência e não a causa”.

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