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Francisco Beltrão
segunda-feira, 30 de junho de 2025

Edição 8.235

28/06/2025

Alimentação escolar pode ter papel protetor contra doenças crônicas, mostra estudo

Consumo de alimentos fora de casa também não está associado com excesso de peso entre jovens.

O consumo de alimentos fora de casa foi citado por 53,2% dos adolescentes, sendo maior entre aqueles que estudavam em escolas privadas (62,5%).

Pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) demonstraram que nem sempre comer fora de casa produz efeitos maléficos à saúde.

Dados de estudo publicado na edição de janeiro de 2021 da revista “Cadernos de Saúde Pública” mostram que adolescentes que consomem alimentos fora de casa apresentam menos propensão a desenvolver hiperglicemia e hipertensão arterial comparados a jovens que fazem as refeições em casa. Uma explicação está no fato de a maioria dessas refeições serem feitas na escola, sobretudo pelos alunos da rede pública de ensino. 

Para investigar a relação entre o consumo de alimentos fora de casa e a propensão de adolescentes a desenvolver doenças crônicas, os pesquisadores utilizaram dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), feito em 2013 e 2014.

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O Erica foi conduzido com 36.956 jovens, de 12 a 17 anos, que estudavam em escolas públicas e privadas de municípios com mais de 100 mil habitantes, de todas as regiões brasileiras. Na ocasião, os jovens foram pesados e tiveram a estatura medida para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC).

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Eles também tiveram a pressão arterial aferida e realizaram exames de sangue. Responderam, ainda, um recordatório alimentar sobre o que haviam consumido nas últimas 24 horas e onde haviam feito essas refeições.

O consumo de alimentos fora de casa foi citado por 53,2% dos adolescentes, sendo maior entre aqueles que estudavam em escolas privadas (62,5%). No entanto, considerando apenas a alimentação realizada na escola, a frequência do consumo foi três vezes maior entre os estudantes da rede pública (61,7%) na comparação com os da rede privada (21,4%).

Biomarcadores e importância da merenda
Na análise geral, os pesquisadores encontraram uma relação inversa entre consumo de alimentos fora de casa e a ocorrência de hiperglicemia, que é a alta taxa de glicose no sangue, em ambos os sexos.

Não houve associação entre consumo de alimentos fora de casa com excesso de peso e outros biomarcadores para doenças crônicas, como taxas de hemoglobina glicada, triglicerídeos e colesterol total. 

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Já as análises estratificadas por sexo e rede de ensino mostraram que os meninos que estudavam em escolas públicas e que consumiam alimentos fora de casa apresentaram menor probabilidade de ter altas doses de insulina e glicose no sangue do que aqueles que faziam as refeições somente em casa.

Entre as meninas de escolas públicas, aquelas que se alimentavam fora de casa também tiveram menor chance de apresentar hipertensão arterial e hiperglicemia. Sobre a ingestão média calórica e de açúcar de adição, esta foi maior nos adolescentes que consomem alimentos fora de casa, assim como o consumo de sanduíches, sobremesas e refrigerantes.

Mas, ao mesmo tempo, os adolescentes que se alimentam fora de casa também apresentaram maior ingestão de frutas, fibras, verduras e feijão. Esses achados foram observados somente nos estudantes da rede pública de ensino.

“O papel protetor da alimentação fora de casa em indicadores bioquímicos nos adolescentes pode ser em função de um maior consumo da merenda escolar”, diz Suelyne Rodrigues de Morais, principal autora do artigo.

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“O estudo enfatiza a importância da qualidade da alimentação na escola e a sua influência na dieta dos adolescentes, já que a oferta de alimentos saudáveis, como frutas e legumes, pode propiciar um melhor consumo desse grupo alimentar pelos estudantes”, completa Morais.

Ela é a autora da dissertação de mestrado que originou o artigo, defendida em 2019, na UECE, e que teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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