O arroz aumentou em mais de 400% a produção numa mesma área de terra. O milho e o saboroso trigo tiveram crescimento semelhante, algo na ordem de 340% numa mesma área plantada.

Quem me conhece sabe, sou e sempre fui um entusiasta da tecnologia e da inovação. E mesmo que minimamente tenho procurado acompanhar as tendências mundiais sobre tudo, e isso vale para o mercado do Agro. Ao contrário do que muita gente pensa, a agricultura é um grande celeiro de desenvolvimento de tecnologias, mas que passa despercebida por grande parcela da população. Para se ter uma noção, a população brasileira em 1991 era de 151 milhões de habitantes. Em 2022 já está em 212 milhões de habitantes, um crescimento na casa dos 40%. Quanto mais gente, mais bocas para comer.
Em contrapartida, a produção agrícola no Brasil teve um crescimento vertiginoso. Entre 1977 e 2017 o crescimento de grãos no Brasil foi de 500% (segundo a própria Embrapa). Em compensação, a área plantada cresceu apenas 63%. E isso se deve a quê? Aos investimentos em tecnologia! A Embrapa, as universidades, o Agro brasileiro como um todo, são referência mundial, e disso podemos nos orgulhar! O resultado desses investimentos em pesquisa e desenvolvimento é o aumento da produtividade, ou seja, o rendimento médio das lavouras.
Um exemplo disso é o arroz, que aumentou em mais de 400% a produção numa mesma área de terra. Isso não é fantástico? O nosso querido milho e o saboroso trigo tiveram crescimento semelhante, algo na ordem de 340% de aumento de produção numa mesma área plantada. Numa conversa que tive com um guru do Agronegócio há alguns anos, ele dizia: nessa semente de milho (e segurando a semente na mão) tem mais tecnologia agregada do que quando o homem pisou na lua. Como disse no título da matéria, mesmo com o aumento da produtividade agrícola, os desafios que vêm pela frente também são gigantescos, pois a expectativa, de acordo com o Banco Mundial, é que teremos dez bilhões de habitantes no Planeta em 2050.
Com a expectativa de vida aumentando ano após ano, me parece possível, sim, termos todo esse povo vivo por aqui. Com toda essa gente, existe uma outra variável no mínimo interessante. Existe um aumento do poder aquisitivo das famílias de classe média, o que aumenta o nível de exigência por produtos de melhor valor nutricional, ou seja, mais variedades de alimentos e aumento do consumo de proteínas animal (carnes) por exemplo. Nesse quesito já estão sendo produzidoas carnes sintéticas a partir de células tronco.
Nessa ótica, fazendas inteiras de produção de gado poderão deixar de existir em poucos anos. Pode soar meio apocalíptico, mas é fato. Sei que o assunto é extenso, e não caberia nesse espaço semanal, mas tentarei sintetizar. Existe ainda a chamada agricultura de precisão, onde associa a tecnologia a serviço do Agronegócio. Os investimentos feitos na Holanda por exemplo, são uma referência, pois o minúsculo país otimiza suas áreas rurais, aumentando a produtividade, já que as limitações de espaços destinados à agricultura são evidentes por lá. Um bom exemplo do que estou dizendo é no cultivo de tomates.
Na Espanha, numa plantação tradicional se produz algo em torno de quatro quilos de tomates por metro quadrado. Numa estufa tecnologicamente adequada, na Holanda, se produz 80 quilos (exatamente o que você leu, pasmo leitor), se produz 80 quilos de tomates por metro quadrado. E com um detalhe: consumindo apenas ¼ da água utilizada no plantio convencional.