É meio estranho o sentimento da torcida brasileira em relação à Seleção que vai à Copa do Mundo. O time construiu uma trajetória impecável nas eliminatórias e chega invicto à última partida — um jogo atrasado — contra a Argentina. Algo inédito. Mesmo com esse retrospecto, o selecionado não conta com a simpatia de boa parte do público.
O grau de confiança em relação às possibilidades da equipe no Mundial de novembro, no Catar, está longe da empolgação. Pelo contrário, boa parte da torcida não acredita na equipe. Talvez seja reflexo de uma participação xoxa na última Copa, ou ainda consequência do fiasco do 7 x 1, em 2014.
Outro fator que conta, e muito, é que a maioria dos jogadores que vestem a camisa amarela não tem qualquer identificação com a torcida. Ao contrário de épocas mais distantes, quando a seleção era composta por atletas que mostravam seu talento em gramados do País a cada fim de semana, hoje todos os titulares da equipe atuam no exterior, alguns fizeram toda a carreira fora do Brasil.
Para a imprensa estrangeira, a nossa seleção, ao lado de França, Portugal e Argentina, é apontada como uma das prováveis favoritas ao título. A mesma pesquisa, feita no Brasil, terá, certamente, um resultado diferente. Talvez contribua para tal desencanto a figura do técnico, que com seu ar excessivamente professoral, não consegue despertar grande motivação. O comportamento esnobe de algumas estrelas contribui para que nossa equipe inicie o torneio em meio à desconfiança. Pode ser que surpreenda, o que já aconteceu em copas do passado.
Em 1994, o time se classificou a duras penas. E trouxe o título, embora muitos considerem que tenha sido uma campanha sem brilho. Mas essa é outra história. Pela tradição de grandes equipes no passado, estamos mal-acostumados. Queremos um time que jogue de forma esplendorosa e ainda seja imbatível. Convenhamos que talvez seja querer demais.