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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Fernando e Alvarina, desbravadores da saúde em Salto do Lontra

Eles têm uma vida ativa na comunidade local.

Fernando Maria e Alvarina Giordani Maria, pioneiros de Salto do Lontra e pais de seis filhos.

Por Luiz Wessler – Donos de uma simpatia e uma calma peculiar, seu Fernando Maria e dona Alvarina Giordani Maria me receberam em sua casa, no centro da cidade, em cima da Farmácia Santo Antônio. De barba feita e nas mãos uma revista recente da Prefeitura de Salto do Lontra, com os diversos investimentos que vêm sendo feitos, Fernando, apesar da idade, lembrou com detalhes de muitas histórias, até a data de nascimento: 17 de maio de 1931, no município de Erechim (RS).

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“Nos anos 50 meu pai comprou terras próximo à cidade de Francisco Beltrão, onde montou uma serraria, onde viemos morar. Eu, de jovem fui ferreiro, aprendi o ofício quando ainda tinha 8 anos. Fabricamos muitas peças, ferramentas, arados e carroças”, descreveu.

Dentista prático com especialização em prótese, realizado em Florianópolis, seu Fernando foi trabalhar na cidade catarinense de Concórdia. “Certa vez eu estava numa festa de comunidade, lá em Concórdia, quando vi uma moça. Achei muito bonita e perguntei: ´Quem é essa lá? Ah, é a filha do senhor Giordani´, me responderam. Falei: ´vai ser minha!` Aí me disseram: `não, não… ela vai ser freira´. Eu respondi: ´Então vou ter que roubar ela do convento”, brinca Fernando recordando do dia em que se conheceram.

“Eu estava estudando em um colégio de freiras, mas dizer que eu queria ser freira, acho que não”, completa Alvarina. “Foi nessa festa que nos conhecemos, conversamos, dançamos e, desde então, ficamos juntos. Casamos em 1956 e tivemos seis filhos, quatro mulheres e dois homens: Dulce, Dilso Aírton, Ademir, Denise, Diane e Luciane”, relataram, após chegar num consenso com a ordem de nascimento de cada um.

61 anos em Salto do Lontra

A vinda do casal para Salto do Lontra ocorreu em 1962. “Meu pai [Sebastião Maria] comprou algumas coisas aqui. Uma delas era o posto de combustível. Ele ajudou a abrir as ruas. Aqui onde hoje é a avenida, pediu para deixar bem larga porque seria uma avenida importante. Ele também me disse: ´Tem um lugar que vai ser uma cidade. Fica cerca de 60 quilômetros de Beltrão´”, comenta Fernando. “Meu sogro tinha visão das coisas”, completou Alvarina.

Foi aí que o casal se mudou para o povoado que era distrito de Beltrão e que hoje está completando 59 anos de município. Depois da chegada em Salto do Lontra, nunca mais se mudaram de cidade. “Aqui eu fui professora, catequista, fazia hóstia para os padres e fui oficial de farmácia, uma das primeiras. Tinha uma outra mulher que tinha uma farmácia menor, a nossa já era um pouco mais equipada”, contou.

Segundo relatos do casal, a primeira fonte de energia que mantinha o hospital e algumas casas era um gerador do seu Sebastião Maria. Mais tarde, também foi montada uma roda d’água que gerava energia no Rio Lajeado dos Porcos.

Curso na capital

Com a ajuda do famoso médico dr. Arnaldo Busato, do qual foram amigos, o casal fez o curso para Oficial de Farmácia em Curitiba. “Ah! O Busato era um homem muito bom. Sempre ajudava todo mundo. Para nós, com ele ajudando as portas se abriam mais fáceis”, destacou Fernando.

“Aqui eu fui o pioneiro como dentista. Me especializei em implantes e fazia ponte móvel para toda a região. Tirava os moldes e mandava lá para Porto Alegre. Teve uma vez que arrumei os implantes do meu irmão…” e nesse assunto foi uma aula de como fazer e os cuidados que tinha que ter. “Muitos dentistas recém-formados vinham pedir dicas comigo. Trabalhei até poucos anos atendendo pacientes aqui na cidade”, relatou o pioneiro.

Vida ativa

O casal é muito conhecido em Salto do Lontra por ter sempre uma vida ativa em sociedade. Fernando contou sobre a participação na vida da comunidade: “Nós ajudamos a construir a primeira igreja, a escola e tantas outras coisas no início. Sempre ajudamos na comunidade. Quando jovem eu gostava de futebol no time Juventude Lontrense. Era um bom time. Ganhamos campeonatos e torneios. Também fui secretário municipal de Urbanismo, no mandato do Nery Maria [1997-2000]. Fizemos muitas estradas, não mediamos esforços, trabalhávamos até em dias de chuva”.

Faz alguns anos que Fernando usa uma cadeira de rodas para auxiliar na locomoção. Mas ainda dirige o carro e não mede esforços para ajudar. Atualmente está auxiliando a Associação de Moradores do Bairro Morada do Sol a se reorganizar.

Orgulhoso da cidade

“Tenho orgulho de ser lontrense. Aqui onde era um povoado, hoje é Comarca de Nova Prata do Iguaçu e Nova Esperança do Sudoeste. É muito bom de morar porque ainda tem muito mato, muitas árvores mesmo na cidade”, comentou, enquanto apontava pela janela do apartamento as copas das árvores. “Uma cidade arborizada, tem bastante oxigênio, o que faz bem para os pulmões”, destacou Fernando.

O casal insistiu para que ficasse para o almoço. Justifiquei que não poderia e me despedi, não sem antes receber uma bênção do Fernando, que pegou minhas mãos e me desejou a proteção divina.

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