Ao longo da conversa, ganhou força o argumento de que os muito ricos são pouco solidários, parecem ter um olhar absolutamente insensível para a miséria.
A conversa girava sobre desigualdade social, essa chaga brasileira que está presente mesmo em nossas cidades mais ricas. As opiniões eram as mais variadas. Numa mesa de bar, as soluções aparecem com facilidade e tudo flui com mais leveza ainda após umas rodadas de chopp. Alguém comentou que os ricos deveriam repartir sua fortuna, ou ajudar os mais pobres de forma efetiva.
O argumento foi logo rechaçado pela maioria, com a argumentação de que essa está longe de ser a solução. Alguém lembrou que muitas pessoas não sabem lidar com dinheiro, o que é uma grande verdade. Mas, ao longo da conversa, ganhou força o argumento de que os muito ricos são pouco solidários, parecem ter um olhar absolutamente insensível para a miséria. É uma espécie de olhar seletivo; não enxergam, ou fazem questão de não ver. Isso explica as atitudes de grandes proprietários rurais que vivem luxuosamente, enquanto pagam a seus funcionários salários de fome.
O que ajuda a entender a existência de condomínios de luxo ao lado de favelas miseráveis em nosso país. Mesmo na caridade, há pesos e medidas diferentes; aquele que tem pouco e mesmo assim ajuda quem precisa, faz um esforço bem diferente daquele que doa milhares de reais, que não fazem falta em sua conta, onde estão muitos milhões. Na Bíblia, Jesus usa um comparativo que serve como alerta.
Para isso, utiliza uma parábola, na qual explica com clareza: a pobre viúva que doa suas moedas de pouco valor está sendo mais generosa do que o rico que abre a bolsa e faz a entrega de algumas moedas de ouro. Para ele, é quase nada; para a viúva era tudo o que possuía.