Conversava por esses dias com um grupo de amigos e relembramos algumas mudanças no aspecto urbano de Francisco Beltrão. Ali onde hoje está o Real Center, um dos maiores edifícios da cidade, ao lado da praça Virmond Suplicy, até a década de 80 estava o Teatro Municipal, uma ampla construção de madeira, um barracão que havia sido no passado a sede do Clube Real. Um casarão rústico, mas charmoso.
O velho teatro foi negociado, demolido e deu lugar a um imponente edifício. Algo considerado normal numa cidade em crescimento, as construções antigas sendo substituídas por prédios muito maiores. Pois essa discussão tende a se acentuar nos próximos anos, quando muitas das atuais construções da área central serão substituídas por outras, maiores e mais imponentes.
Aqui entra a questão da memória da cidade. Algumas edificações, em muitos casos, tem um significado muito maior; tornam-se personagens da cidade, mesmo que não sejam necessariamente bonitas. No futuro, virão debates parecidos. É justo simplesmente derrubar construções antigas em nome do progresso? E a memória da cidade, como fica? Hoje temos, por exemplo, a sede do exército em Francisco Beltrão, uma construção histórica, que foi o ponto de partida para a colonização do município e da microrregião. Já se falou nisso em certa época, mas haverá um momento em que surgirá um debate sobre a conveniência de retirar a unidade militar daquele local.
Alguns consideram que o Estádio Anilado, localizado numa área nobre da cidade, poderia ser transferido para uma área mais ampla, com espaço para estacionamento de centenas de veículos e aquele espaço ser destinado a finalidades comerciais ou mesmo residenciais. Certamente a questão é um tanto complexa, por se tratar de um espaço público, já que o estádio é municipal. Mas, como a cidade é um organismo vivo, tudo vai se modificando e com o passar dos anos os interesses podem determinar mudanças significativas na paisagem com a qual estamos acostumados.