Nada fica do que vivemos senão as lembranças, principalmente as boas. Um artigo que li no final de semana recomenda que devemos nos esforçar para construir boas memórias. Esse é o caminho, procurar criar momentos positivos, ao lado de pessoas que amamos, que se tornarão agradáveis lembranças. Não há sentido desperdiçar o tempo em ambientes que não nos fazem bem.
Mil vezes melhor, livrar-se de pessoas negativas do que permanecer em empregos de ambiente carregado. Infelizmente muitas pessoas vão ficando com o coração endurecido à medida que os anos passam, quando deveria ser o contrário. Deveríamos nos despojar de sentimentos ruins, ter coragem para mostrar afeto, falar “eu te amo”, aceitar desculpas de quem nos ofendeu e ter humildade para pedir perdão quando fizermos alguém sofrer.
Normalmente, ao lembrar do passado, não recordamos a rotina de trabalho e dificuldades. O que fica em nossa memória são os momentos marcantes. Se pedirmos para alguém contar como foi a quinta-feira da semana passada, se foi um dia normal, é bem possível que ela não lembre o que aconteceu. Mas se nesse dia a pessoa recebeu uma grande manifestação de afeto, um buquê de flores, uma declaração de amor, certamente ela recordará com riqueza de detalhes. É um mecanismo de nosso cérebro para não saturar de recordações, de forma automática ele separa o que deve ou não ser lembrado a longo prazo.
Em minha vida, após um período de grandes dificuldades, criei o hábito de comemorar todos os acontecimentos bons. Meus filhos eram adolescentes e achavam engraçado quando chegavam em casa e contavam alguma boa notícia, imediatamente eu comentava: “precisamos comemorar”. E isso já era motivo para um jantar especial ou um brinde que fosse. Até hoje mantenho esse hábito, qualquer conquista, por pequena que seja, merece ser festejada.
Quando chegarmos à velhice e a solidão se tornar uma companhia frequente – até porque nem sempre haverá gente à nossa volta disposta a aturar um idoso – as nossas memórias é que nos alimentarão. Talvez isso explique porque alguns idosos são serenos e outros completamente amargos. Uns estão em paz com o passado; outros não. Por isso, devemos fazer com que o dinheiro nos proporcione coisas boas, momentos agradáveis, viagens inesquecíveis. A conta bancária passa a ser irrelevante quando a pessoa fica sem mobilidade, perde a memória ou entra em depressão. Precisamos criar e viver momentos que valham a pena ser recordados. Em boa parte dos casos nem é preciso dinheiro para que isso seja feito.