É preciso parabenizar a iniciativa da Associação Comercial e Empresarial de Francisco Beltrão (ACEFB) pela bela iniciativa de no próximo dia 5 de novembro lançar a campanha Francisco Beltrão Cidade Cooperativa. De fato, Francisco Beltrão desde seu início com a chegada da Cango, cuidou de criar cooperativas. Ainda lembro de ter conversado pelo telefone com quem foi administrador da Cango entre 1952 e 56, Glauco Olinger, que ainda vive e está com 102 anos, ele me contou um pouco sobre a primeira cooperativa para a qual deram um caminhão e um motorista e com ele traziam mercadorias para os colonos da Cango. Ele me disse que os comerciantes reclamavam porque tinham sido convidados a vir para desenvolver o lugar e não podiam sofrer concorrência desleal da cooperativa. O cooperativismo está no sangue dos pioneiros de Francisco Beltrão, que traziam das antigas colônias a tradição cooperativista que tinha por função encontrar mercados para a produção colonial e também prover de insumos os agricultores.
Mas no caso da Cango, como os salários dos funcionários atrasavam meses, ela acabava socorrendo também esses empregados. Beltrão agora é uma importante praça financeira graças ao cooperativismo de crédito e com isso, em média, o custo do crédito é menor do que em outras cidades o que fomenta a economia local. Mas para ser verdadeiramente uma cidade cooperativa e o cooperativismo cumprir efetivamente sua missão desenvolvimentista precisaria avançar na intercooperação criando fundos e programas em favor do fomento dos diferentes segmentos da nossa economia. Penso por exemplo na produção leiteira do nosso município que a nível de país já deve estar entre os dez maiores produtores de leite e a nível de Paraná está em quarto lugar depois de Arapoti.
Mas Francisco Beltrão tem condições de, em poucos anos, dobrar sua produção se, para tanto, existir uma política pública efetiva no município para estruturar sua cadeia láctea. Francisco Beltrão é o maior produtor de leite da região, mas em proporção à dimensão do seu território, Enéas Marques produz muito mais leite do que Francisco Beltrão. Então, para realizar este imenso potencial leiteiro, as cooperativas de crédito deveriam, praticando a intercooperação, criar em comum acordo, fundos, programas de capacitação, criação de cooperativas de produtores de leite e linhas de crédito com recursos também próprios. Nenhum produtor de leite do município, por exemplo, cadastrado no programa de estruturação da cadeia leiteira, deveria pagar mais do que 20% de juros ao ano, inclusive na utilização dos juros de limite em conta, que hoje andam na casa de 140% ao ano!
É preciso lembrar que as cooperativas de crédito acessam junto ao BNDES o Coopcap, para integralizar cotas-partes com juro zero, esse recurso deveria servir para criar fundos para financiar os produtores de leite com juros baixos independentemente do Plano Safra. Marketing não é tudo!