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Francisco Beltrão
quarta-feira, 18 de junho de 2025

Edição 8.228

18/06/2025

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

Energia solar ganha força no agronegócio do Sudoeste

Com queda de 90% nos preços dos painéis entre 2010 e 2020, número de usinas solares em propriedades rurais ultrapassa 32,7 mil.


Foto: Niomar Pereira/ JdeB.

Por Niomar Pereira – Os preços dos painéis fotovoltaicos caíram consideravelmente em 2023, impulsionando a instalação de novas usinas solares no Paraná. A energia é um componente essencial para o crescimento de setores importantes da economia, como o agronegócio. Segundo dados da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), em 2017 havia apenas 47 usinas instaladas nas propriedades rurais do Estado – 40 fotovoltaicas e sete de biogás. Atualmente, são mais de 32,7 mil usinas instaladas em propriedades rurais, com capacidade de gerar 714,96 mil quilowatts (kW) de potência.

O produtor rural Moacir Macari, residente no interior de Francisco Beltrão, investiu em energia solar pela primeira vez em 2017, após muita pesquisa e observação do funcionamento do sistema na prática. Ele instalou um sistema inicial com 60 painéis de 270 w, com capacidade de 16,20 kWp. “Na época, quase supriu nossa necessidade de consumo. Pagávamos cerca de R$ 1.300 por mês na fatura de energia elétrica e o sistema proporcionava um retorno de R$ 1.200”, relata Macari.

Com a redução no custo da energia, a propriedade conseguiu melhorias significativas na qualidade de vida. “Temos uma agroindústria, mas na época não havia sala climatizada. A propriedade tem três casas e nenhuma tinha ar-condicionado. Todas essas melhorias foram feitas”, conta Macari.

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Contudo, com o tempo o consumo aumentou e a fatura voltou a ficar com valor alto, em torno de R$ 2 mil por mês. “Por isso resolvemos fazer uma complementação”, explica. Neste ano, foram acrescentados 38 painéis de 550 w, aumentando a capacidade do sistema em 20,90 kWp.

O empresário Aldair de Souza Cambuí, diretor da Energy Sol, destaca que os custos dos painéis de energia fotovoltaica diminuíram significativamente nos últimos anos, com uma redução de cerca de 90% entre 2010 e 2020. Essa queda é atribuída a avanços tecnológicos, economias de escala e maior eficiência na produção. Segundo Cambuí, a demanda por energia solar tem aumentado consideravelmente, impulsionada pela redução dos custos dos painéis solares, economia nas contas de energia, incentivos governamentais e a crescente consciência sobre sustentabilidade.

Cambuí prevê uma adoção crescente da energia solar pelo setor do agronegócio, com melhorias contínuas na eficiência dos painéis, redução constante de custos e integração com tecnologias como segurança inteligente e automação agrícola. Além disso, há uma pressão cada vez maior por práticas sustentáveis.

“A energia solar reduz custos operacionais, oferece um retorno rápido sobre o investimento, aumenta a produtividade e pode diversificar receitas através da venda do excedente de energia. Exemplos incluem a alimentação de sistemas de refrigeração e refrigeração de leite, resultando em economia e aumento de produtividade”, informa Cambuí.

Financiamento

A procura por financiamento por meio do programa Paraná Energia Renovável (RenovaPR), do governo estadual, cresceu expressivamente. De janeiro a maio de 2024, o número de projetos aumentou 120% em relação ao mesmo período de 2023, passando de 276 para 608. No total, foram realizados R$ 1,376 bilhões em 8.122 projetos aprovados pelo IDR Paraná.

Na microrregião de Francisco Beltrão, conforme levantamento do IDR-PR, foram financiados 598 projetos de energia solar para o campo desde o início do programa, totalizando um investimento de R$ 76,1 milhões. Só em Francisco Beltrão, foram 165 projetos, com um investimento de R$ 18 milhões.

O gerente regional do IDR-PR, engenheiro agrônomo Ericson Marx, destaca que os dois setores que mais investiram em energia fotovoltaica foram a avicultura de corte e a bovinocultura de leite.

Crédito mais acessível

As cooperativas de crédito também oferecem várias opções para o produtor rural que deseja investir em energia solar. A Sicredi Iguaçu, por exemplo, oferece linhas de crédito rural para atender investimentos de agricultores e empresas do setor agro, com repasses do BNDES e recursos próprios da cooperativa. Para a área urbana, o prazo de financiamento varia de acordo com a proposta, podendo chegar a 120 meses, tendo linhas de crédito com juros baixos para incentivo a projetos ligados à sustentabilidade.

No setor agrícola, a taxa de crédito varia conforme o tamanho da propriedade e o tipo de atividade, explica Rodrigo Mackievicz, assessor de crédito da Sicredi Iguaçu. Aquelas atividades agrícolas que demandam um consumo maior de energia tendem a conseguir taxas de empréstimos mais atrativas.

Segundo ele, se o produtor quiser instalar os painéis na residência, apenas para consumo próprio, há linhas de crédito com taxas de 13,5% a 14,5% ao ano. Entre outras linhas de investimento com recursos da cooperativa. Rodrigo comenta que para empresas que desejam investir em usinas e comercializar energia é possível utilizar o crédito do fundo clima do BNDES.

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