O instrutor Jalbert Azeredo destaca que esta técnica é mais humanizada.
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A Abordagem Técnica ao Tentante do Suicídio (ATTS) é o primeiro atendimento, quando a prevenção não foi suficiente. O 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado sediou estágio sobre ATTS no último fim de semana. O treinamento foi ministrado por Jalbert Azeredo, abordador voluntário, que é único militar do Paraná com autorização do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo para replicar este conhecimento.
Participaram militares do Exército, policiais militares, bombeiros e agentes de saúde das secretarias de saúde de municípios da região. A realização é da Secretaria de Saúde de Saudade do Iguaçu, que contribui com a organização de um Comitê de Enfrentamento à Tentativa de Suicídio, no Sudoeste.
Segundo Jalbert, o protocolo ATTS se inicia quando a prevenção não funcionou. O objetivo é capacitar os profissionais que estão mais propensos ao atendimento a um tentante: “Isso é de fundamental importância”.
A ATTS usa uma técnica de abordagem humanizada. “A Abordagem Técnica ao Tentante do Suicídio é um grande avanço nas questões ligadas à prevenção ao suicídio, pois essa técnica traz uma abordagem humanizada, que está preocupada com o pós-evento, ou seja, busca prevenir a reincidência do suicídio pelo tentante, o que infelizmente é muito comum”, comenta Messias Moreira, chefe da Comunicação Social do Exército, de Beltrão.
De acordo com Messias, a ideia principal é que o tentante desista de cometer o suicídio, de forma que ele mesmo seja o responsável pela desistência, o que traz empoderamento e encoraja a buscar ajuda. “Muito diferente quando a tentativa é frustrada por iniciativa de terceiros que atuam de forma brusca e até mesmo violenta.”
O treinamento ATTS iniciou em Foz do Iguaçu e esta já é a quarta turma. A próxima deve acontecer em dezembro. No Sudoeste, já foram treinadas 73 pessoas, algumas delas também se tornaram voluntárias desta abordagem.
Mais sobre este protocolo
Jalbert explica que ATTS é um protocolo instituído pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, idealizado pelo major Diógenes Munhoz. “Eu entrei neste meio através de um fato familiar — um suicídio que aconteceu —, procurei o Corpo de Bombeiro de São Paulo pra fazer o curso de abordador. Me encantei pelo tema, tomei conhecimento da importância do tema na assistência.”
A técnica é mais humanizada, porque a pessoa não é bruscamente retirada do cenário suicida, isso acontece através do diálogo. “Aquela técnica antiga de ir distraindo e segurar na marra, está caindo por terra; isso causa um novo trauma ao tentante.” Jalbert ressalta a ambivalência, uma vez que a pessoa pensa em se matar, mas ao mesmo tempo ela quer sobreviver. Sua intenção é livrar-se da dor emocional e, para ela, pode não haver outra alternativa, mais um motivo para uma abordagem através do diálogo.