Aos 21 anos de idade, o atacante Renato Gaúcho já era extremamente reconhecido no Grêmio. Em 1983, ele marcou os dois gols do time contra o Hamburgo, da Alemanha, na final do Mundial de Clubes e foi considerado o melhor jogador da competição, em Tóquio, no Japão. Embora ainda muito jovem, Renato Portaluppi já tinha ótimas condições financeiras. Em 1986, pouco antes de ser cortado da Copa do Mundo pelo Telê Santana por causa de um comportamento indisciplinar, Renato saiu de um treino do Grêmio e conversou com o jovem volante Jairo Scheid, que tinha apenas 20 anos e estava se firmando no grupo. Ao ver que o colega tinha uma moto esportiva muito bonita, pediu para dar uma volta. Mas, daquele jeitão irresponsável e ao mesmo tempo cativante, Renato Gaúcho se desequilibrou e caiu, estragando a moto de Jairo. O jovem volante ficou sem ter o que dizer, afinal de contas, estava começando sua carreira e não queria criar antipatia com um colega de trabalho. Mas Renato Gaúcho prometeu que consertaria o estrago.
No dia seguinte, de surpresa, Portaluppi apareceu no Olímpico com uma moto nova, do mesmo modelo, para dar de presente a Jairo Scheid. “E vê se volta pro Paraná, moleque, vai gastar o dinheiro do seu pai”, disse Renato Gaúcho, em tom de brincadeira. E foi essa paixão por motos potentes que tirou a vida de Jairo Schenkel Scheid. Ele faleceu em um acidente em Francisco Beltrão no dia 18 de outubro de 2007. Torcedores do Grêmio, do Corinthians e do Francisco Beltrão FC lamentam até hoje a perda de uma pessoa querida e extremamente eficiente como profissional.
Histórico de Jairo Scheid
Nascido em 4 de maio de 1966, em São Carlos (SC), Jairo começou a jogar futebol no Grêmio. No final da década de 1986, foi cedido ao Criciúma, onde se destacou e atuou até 1989. Em 1990, foi contratado pelo Corinthians. Naquele ano, o Timão conquistou o Brasileirão. Jairo era reserva de Márcio e Wilson Mano. Não chegou a jogar a final contra o São Paulo, mas era muito respeitado pela torcida. Tratava-se de um atleta raçudo, que entrava duro nas jogadas e chutava muito bem de fora da área. Com a camisa do Corinthians, Jairo disputou 84 partidas e fez sete gols. Depois, o volante foi cedido ao União São João como parte do pagamento pelo zagueiro Henrique. Mais tarde, Jairo ainda teve uma rápida passagem pelo Paysandu. Ele encerrou a carreira em 1994 no Londrina. Então, voltou para casa, em Francisco Beltrão, para cuidar dos negócios da família.
Em 2000, começou sua experiência como treinador do Francisco Beltrão FC. Foi campeão da Seletiva, uma competição em que disputavam os dois últimos da primeira divisão e os quatro primeiros da segunda. A final foi contra o Iraty. Ele estava sempre com um pé na empresa e o outro no Anilado. Em 2002, na segunda divisão, conquistou mais um título. Nesse ano, ele comandava um ex-companheiro seu. O zagueiro Guinei, campeão com o Corinthians em 1990, fez parte da campanha beltronense no título da Segundona. Sua última experiência como técnico foi em 2004, quando o Francisco Beltrão tinha um bom time, mas acabou sucumbindo por falta de pagamentos.
Minhas primeiras entrevistas
Quando comecei no jornalismo esportivo, em 2001, fiz com Jairo Scheid uma de minhas primeiras entrevistas. Uma pessoa que vai ficar marcada na minha carreira profissional, na história do Francisco Beltrão FC e na memória de todos os beltronenses.