Estamos no Abril Azul, o mês de conscientização do autismo. Toda vez que entramos nesse assunto, tem alguma pessoa perdida que quer opinar e diz assim: “ah, até o Messi é autista, né?” Não, o Messi não é autista! Essa é uma notícia falsa que é veiculada desde 2013 e, além de espalhar uma fake news, você estará invalidando o diagnóstico do autismo, algo muito importante para uma intervenção adequada com profissionais especializados.
Antes de espalhar qualquer notícia, dá um Google! O próprio Messi e o seu médico, Diego Schwarzstein, negaram o diagnóstico. A família do jogador também desmentiu a informação. O jornalista espanhol Guillem Balague, autor da biografia autorizada de Messi, afirmou que a história era “um lixo”.
Então, se você achava que o argentino Lionel Messi era autista, estava errado. Ajude a desmentir informações falsas como essas, você estará ajudando também. Só quem convive com o dia a dia do autismo é que sabe o quão desgastante é conviver com crises ocasionadas pela rigidez cognitiva, ou seletividade alimentar, ou sensibilidade a ruídos, excesso ou falta de luz, mudanças de rotina, dentre outras características comuns em uma pessoa com o TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Algo que me deixa bastante irritado, como pai de autista, é quando as pessoas tentam minimizar o fato de o nível de suporte 1 “ser o mais fácil de conviver”. Algo precisamos deixar aqui bem claro: autismo é autismo e ponto final. Não existe mais fácil ou mais difícil. Não há exclusão, precisamos falar em inclusão. Tem sim uma diferença de quantidade de horas de intervenção e uma diferenciação em relação ao nível de dependência, mas todos os casos de autismo apresentam uma série de dificuldades.
No ano passado, com a intervenção ABA, que é a Análise do Comportamento Aplicada, meu filho, o Marlon, de 6 anos, evoluiu muito. É impressionante perceber como ele está socializando melhor, conseguindo se expressar melhor, e enfrentando dificuldades com mais coragem. “Teu filho é autista? Mas nem parece!” Já ouvi muitos comentários assim, de pessoas que não são especialistas na área. Somente a família sabe quantas horas de terapia foram necessárias para que ele apresentasse essa melhora considerável, afinal de contas, estamos nos beneficiando de um período em que a plasticidade cerebral está mais intensa, na infância. Por isso é necessário diagnosticar o mais cedo possível para entrar com uma intervenção precoce. Na nossa vida adulta também temos plasticidade cerebral, mas não é intensa. Uma pessoa diagnosticada com autismo na vida adulta, como é o caso da minha esposa, há sim o que fazer, mas os resultados são muito menos evidentes.
O que escrevi aqui é o resumo da absorção de muito conteúdo, como vídeos e livros, que busquei como um pai de uma família atípica. Mas tem um bem interessante que eu gostaria de recomendar: procure na Conversa Paralela, do Brasil Paralelo (Youtube), a entrevista com o pediatra Thiago Castro: “Autismo: a visão da medicina e da família”. É um vídeo de quase 1h30, mas vale a pena cada minuto.