Admiro quem consegue, mesmo tendo passado por tantas experiências, manter-se otimista.
Com o passar dos anos, vamos ficando mais céticos em relação a tudo. Passamos a desconfiar das instituições, questionamos a religião, mal damos ouvidos a promessas políticas e nas relações pessoais adotamos uma postura mais cautelosa. É raro alguém envelhecer com otimismo em relação à vida.
Ao longo de nossa trajetória, são tantas decepções que é inevitável não assumir um posicionamento mais cuidadoso em relação a quase tudo. Admiro quem consegue, mesmo tendo passado por tantas experiências, manter-se otimista em relação à vida. Quase tudo nos empurra para outra direção.
No aspecto pessoal e profissional, a toda hora somos testados e vão se acumulando pequenas e grandes desilusões por atitudes decepcionantes de pessoas com as quais convivemos. O comportamento humano não obedece a um padrão; ao mesmo tempo que pode nos surpreender, também pode nos decepcionar, é absolutamente imprevisível, na maioria dos casos. Alguém que pensávamos conhecer bem, quando menos esperamos, sai completamente dos trilhos. Ninguém é obrigado a ser um poço de coerência, mas as pessoas, em geral, colocam de tal forma o interesse pessoal acima de tudo que são capazes das piores atitudes.
Quantas vezes ouvimos histórias desabonadoras de gente que respeitamos, a ponto de nos perguntar se elas seriam capazes de cometer as barbaridades que nos relatam. Por essas e outras, vamos ficando vacinados em relação a quase tudo, criamos uma espécie de couraça e passamos a olhar desconfiados para tudo que nos cerca. De certa forma é um mecanismo de defesa; evitamos muitos desapontamentos.
Mas também pode nos impedir de viver experiências maravilhosas, e nos afasta de pessoas que poderiam ter um papel marcante em nossas vidas. É triste que as coisas sejam assim; culpa da vida, das desilusões e talvez até do medo de ser feliz. Um medo indecifrável, bem mais frequente do que imaginamos.