O amor é caprichoso, não poucas vezes nasce do acaso. Fatos isolados e aparentemente sem conexão colocam dois desconhecidos em contato, e aí acontecimentos fortuitos acabam gerando a aproximação, o envolvimento e, por fim, a convicção de que aquela pessoa é especial. Os jeitos de se conhecer são os mais inusitados. O rapaz foi substituir um colega que estava gripado, e lá conheceu uma moça que por acaso estava naquele lugar quando ele chegou. No início, uma conversa protocolar e despretensiosa e eis que no dia seguinte, novamente por casualidade, eles se encontram na rua. Então começam a conversar, decidem almoçar juntos.
O resto da história é consequência. E de acaso em acaso, afinidades são descobertas e uma relação começa a se concretizar. Mas, o fato de o início ter sido assim tão improvável, em nada diminui a grandeza do sentimento. É certo também que uma conquista planejada nos mínimos detalhes nem sempre será bem sucedida. Aquele roteiro básico que começa com mensagens bem humoradas, o envio de flores e o convite para jantar, não é certeza de bons resultados. Não há fórmulas infalíveis para que duas pessoas se aproximem, se conheçam e descubram que daí em diante não querem mais ficar longe uma da outra.
A incerteza estará presente o tempo todo, o que funcionou para um casal não dará certo para outro; não há fórmulas precisas. E o mais inquietante, é que poucas pessoas têm plena convicção de ter acertado em suas decisões amorosas. Há sempre o risco de se arrepender a qualquer momento e avaliar se teria sido melhor ter agido de outra maneira, ter dito algo diferente. Nunca há convicções definitivas, e não chega a ser anormal seguir tateando na esperança de encontrar o rumo. Lá na frente, se as coisas derem errado, olharemos para trás e podemos culpar o acaso. “Não era isso o que eu queria”, pode alguém afirmar, balançando a cabeça, para justificar o arrependimento. Não adianta mais; o acaso já deixou de ser algo imponderável para se constituir em um componente da história.
Outro mundo
A tentativa do judiciário brasileiro de ressuscitar o quinquênio para os magistrados, mostra que essa faixa da população vive mesmo numa outra realidade. Os juízes contam com o auxílio moradia, apesar de pertencer à elite salarial do país, com vencimentos que superam fácil os 30 mil reais mensais. O
quinquênio foi extinto em 2006. Agora querem reativar esse privilégio, com direito retroativo. Um juiz empossado em 1995, por exemplo, teria direito a uma bolada de 2 milhões de reais. Inaceitável mais essa regalia num país em que a fome é uma ameaça constante para quase 40 milhões de pessoas.