Talvez não seja necessário ir tão longe em busca de paz e tranquilidade. De uma hora para outra, tudo pode ruir e te escapar.
Chega uma hora que a gente para e se pergunta se vale a pena tanta correria, essa loucura de abrir mão do que se gosta para mostrar o quanto somos bem sucedidos. Adianta ter uma casa caríssima e não poder usufruir dela? Uma piscina na qual se entra duas ou três vezes por ano?
As pessoas encaram um financiamento interminável, gastam o que não podem, para ter o apartamento ou a casa dos sonhos e algum tempo depois percebem que ali é o lugar onde menos ficam. Os seus filhos quase não te veem porque você está o tempo todo na empresa ou em viagens de negócios. Numa noite de insônia, após um dia estressante, é inevitável o questionamento: tem sentido essa vida? Conquistar tanto e não poder usufruir de quase nada?
E a vida vai passando. Há uma hora em que inevitavelmente acabamos por concluir que esse não pode ser o objetivo principal. Realização pessoal tem a ver com conforto e dinheiro, mas é fundamental encontrar tempo para poder desfrutar de tudo o que foi conquistado com as pessoas que amamos. Quem acorda para essa realidade acaba tomando atitudes radicais, abandona uma vida com rotina maluca e se muda para cidades menores e mais tranquilas, ou até muda de país, em alguns casos.
Estava lendo o relato de uma empresária que se mudou para Portugal em busca do sossego que não encontrava no Brasil. Talvez não seja necessário ir tão longe em busca de paz e tranquilidade. O europeu, em especial, tem uma concepção diferente de vida, não está tão obcecado em acumular riquezas, mas em aproveitar o que a vida tem de melhor.
Talvez seja a cultura de um continente tantas vezes destruído em guerras sangrentas. É o aprendizado de saber que, de uma hora para outra, tudo o que você conquistou pode ruir e escapar de suas mãos. Basta ver o que está acontecendo na Ucrânia, onde milhares de pessoas tiveram suas casas, carreiras, suas vidas, enfim, despedaçadas por uma guerra sem sentido.
Tempos bicudos
Você passa a campanha se cuidando, evita compartilhar publicações polêmicas e consegue chegar à eleição sem arrumar confusões. Depois do pleito, compartilha um vídeo dos nordestinos tirando sarro dos moradores do sul do País. Pronto, o grupo da família entra em ebulição, a discussão fica cada vez mais áspera e alguns saem do grupo. Tá difícil mesmo!